Depois de Nem
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 11/11/11
Estamos terminando uma semana de boas novidades para os mocinhos e de péssimas notícias para os bandidos. O que aconteceu de melhor foi, claro, a prisão de Antonio Bonfim Lopes, o tristemente famoso Nem.
Como ocorre com os grandes chefões do tráfico de drogas, aqui e no resto do mundo, ele é reconhecido como inimigo da sociedade por dois motivos: porque vendia drogas e porque tinha a seu serviço um número não determinado de policiais. Ou seja, corrupção em dose dupla.
O segundo problema - comum no resto do mundo, com a provável exceção da China e do Vaticano - foi lembrado no dia seguinte ao da prisão de Nem, com a detenção de três policiais civis e dois ex-PMs, no momento em que davam escolta e proteção a cinco traficantes que fugiam da Rocinha. Por esse serviço sujo, o grupo ganharia R$2 milhões. Para contraste, é bom lembrar: os agentes que capturaram Nem recusaram um suborno de R$1 milhão.
Os dois episódios são provas do que ninguém ignora: não há atividade criminosa (pelo menos no mundo em que se usa terno e gravata) mais rentável que o tráfico de drogas. Não custa lembrar - embora pouco adiante - que a guerra contra os traficantes só estará perto de ser ganha quando a sociedade civil entrar de verdade na batalha contra o consumo. Os fornecedores podem estar instalados nas favelas, mas um número considerável dos usuários mora bem longe delas.
É assim no mundo todo, talvez mais nos regimes democráticos do que nos estados totalitários. Temos de reconhecer que os sistemas políticos que prezam o respeito pela liberdade dos cidadãos - e são, por isso, melhores que os outros - têm, como acontece em todas as empresas humanas, deficiências insuperáveis. Pelo menos, por enquanto. O que é uma ressalva extremamente otimista, mas, sem otimismo, vamos reconhecer, a vida é muito chata.
Celebremos, portanto, a prisão de Nem. Enquanto esperamos que ela estimule uma operação policial na Rocinha com resultados tão positivos como os que testemunhamos no Complexo do Alemão.
Como ocorre com os grandes chefões do tráfico de drogas, aqui e no resto do mundo, ele é reconhecido como inimigo da sociedade por dois motivos: porque vendia drogas e porque tinha a seu serviço um número não determinado de policiais. Ou seja, corrupção em dose dupla.
O segundo problema - comum no resto do mundo, com a provável exceção da China e do Vaticano - foi lembrado no dia seguinte ao da prisão de Nem, com a detenção de três policiais civis e dois ex-PMs, no momento em que davam escolta e proteção a cinco traficantes que fugiam da Rocinha. Por esse serviço sujo, o grupo ganharia R$2 milhões. Para contraste, é bom lembrar: os agentes que capturaram Nem recusaram um suborno de R$1 milhão.
Os dois episódios são provas do que ninguém ignora: não há atividade criminosa (pelo menos no mundo em que se usa terno e gravata) mais rentável que o tráfico de drogas. Não custa lembrar - embora pouco adiante - que a guerra contra os traficantes só estará perto de ser ganha quando a sociedade civil entrar de verdade na batalha contra o consumo. Os fornecedores podem estar instalados nas favelas, mas um número considerável dos usuários mora bem longe delas.
É assim no mundo todo, talvez mais nos regimes democráticos do que nos estados totalitários. Temos de reconhecer que os sistemas políticos que prezam o respeito pela liberdade dos cidadãos - e são, por isso, melhores que os outros - têm, como acontece em todas as empresas humanas, deficiências insuperáveis. Pelo menos, por enquanto. O que é uma ressalva extremamente otimista, mas, sem otimismo, vamos reconhecer, a vida é muito chata.
Celebremos, portanto, a prisão de Nem. Enquanto esperamos que ela estimule uma operação policial na Rocinha com resultados tão positivos como os que testemunhamos no Complexo do Alemão.
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