A maldição de Guadalajara
VINICIUS MOTA
FOLHA DE SP - 17/10/11
São PAULO - Foi-se o tempo em que Guadalajara, a cidade mexicana que abriga os Jogos Pan-Americanos, era sinônimo de sorte para os brasileiros. A sede da campanha vitoriosa da seleção tricampeã do mundo de futebol, em 1970, já mostrava sua face agourenta 16 anos depois.
Quartas de final contra a França, Copa de 1986, estádio Jalisco, pênalti para o Brasil no segundo tempo.
Zico desperdiça, e a partida fica no 1 a 1. Na disputa de penalidades, Sócrates fracassa, o zagueiro Julio Cesar bombardeia a trave, e o goleiro Carlos põe para dentro uma cobrança errada dos franceses.
Vinte e cinco anos adiante, a maldição não dá trégua. Nas primeiras horas do Pan, o nadador Cesar Cielo foi para o hospital. Contundidas, Jaqueline (vôlei) e Jade Barbosa (ginástica) acabaram cortadas.
Outra baixa foi o ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B). Acusado de integrar um esquema de corrupção no Distrito Federal, Silva negou tudo, declarou-se prestigiado por Dilma Rousseff, mas bateu em retirada do México para dar explicações ao Planalto.
A legenda de Orlando Silva é uma curiosidade histórica. Na origem, renegou as críticas de Kruschev às atrocidades praticadas por Stalin na União Soviética. Folclorizou-se pela defesa do socialismo na Albânia, enquanto se organizava para viver do restolho deixado pelo PT.
Foi cuidar dos esportes, fez aliança com a velha cartolagem, patrocinou uma rede de ONGs que recebem dinheiro público em nome de algum objetivo nobre como a "inclusão social pelas atividades esportivas".
Com a realização da Copa e da Olimpíada no Brasil, o que era um setor de segundo plano tornou-se mina de ouro. Para a sorte ou para o azar de Orlando Silva e sua sigla?
A tarefa é grande demais para ser tocada no velho estilo sem produzir escândalos engolfando a gestão Rousseff. Haverá sempre um Ministério da Pesca para oferecer ao PC do B.
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