Abertura de capital global cai 57% no 3º tri
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 05/10/11
IPOs globais recuaram 57% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre deste ano, segundo levantamento da empresa de auditoria e consultoria Ernst & Young.
A sigla IPO designa ofertas públicas iniciais, de empresas que abrem capital. A média global do tamanho dessas ofertas recuou para US$ 100 milhões. Era de US$ 204,8 em 2010. Emissores asiáticos continuam a dominar a atividade de IPO, com 47% dos recursos globais levantados.
"Por que a China está tão forte e o Brasil, não?", pergunta Paulo Sérgio Dortas, sócio da Ernst & Young Terco, no Brasil. "Na China, o comprador é mais local, e o chinês tem muito pouca alternativa. Nosso grande comprador, porém, é o americano", diz Dortas.
Muitas empresas chegaram a acessar a Bolsa brasileira, mas apenas 11 venderam ações no mercado. Das emissões globais, 87% saíram pelo preço inicial, enquanto no Brasil, das 11 operações, apenas duas foram negociadas pelo valor estipulado no lançamento.
"As outras nove, foram para a frente com preço inferior", segundo o sócio da Ernst & Young Terco. "Ainda há espaço para IPOs na China, mas, para o Brasil, o ano acabou", afirma o executivo. "Começamos 2011, com a expectativa de 30 operações, tivemos 11", lembra.
"Há ainda três em processo de registro, mas acreditamos que nenhuma delas irá adiante. Se forem, terão valor mais baixo."
"Ainda há espaço para IPOs na China. Para o Brasil, o ano acabou. Começamos com expectativa de 30 operações, tivemos 11. Há três em processo de registro, mas não devem ir adiante. E se forem, terão valor mais baixo"
PAULO SÉRGIO DORTAS
sócio da Ernst & Young Terco
INSTRUMENTO DE IMPORTAÇÃO
A Michael Instrumentos Musicais, do grupo mineiro Classic, investirá R$ 20 milhões para atender à demanda do final deste ano. O valor será usado para abertura de escritórios em São Paulo e no Recife e importação e desenvolvimento de novos instrumentos. A empresa espera vender mais 60 mil peças em 2011. "O mercado está em expansão devido à obrigatoriedade do ensino de música nas escolas", diz o diretor-presidente da companhia, Marco Aurélio Bousas. Os produtos importados são responsáveis por 80% das vendas no país, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Instrumentos Musicais e Áudio.
"Com a alta do dólar, é possível que as empresas nacionais ganhem mais licitações das prefeituras, pois têm preferência se o preço for até 25% mais caro, e aumentem a participação no mercado", diz o presidente da entidade, Anselmo Rampazzo.
Falta mão de obra para terceirização na Copa
O setor de serviços terceirizados e trabalho temporário receia que vá faltar mão de obra para os preparativos da Copa e durante o evento. Mais de 80% dos empresários neste mercado afirmam que a carência de mão de obra qualificada está entre as principais dificuldades a serem enfrentadas na prestação de serviços durante o evento.
A segunda preocupação, que envolve a documentação oficial para licitações é menos intensa, mencionada por 25%, segundo pesquisa do Sindeprestem e da Asserttem (sindicato e associação do setor), a ser divulgada amanhã. A logística de atendimento também figura entre os desafios do setor.
"Para se ter uma ideia do tamanho que tem o nosso mercado hoje, neste Natal, serão 147 mil vagas temporárias no país para serem preenchidas. É um sinal de como estamos e do que vamos precisar para essa Copa", afirma Jismália Alves, diretora da Asserttem. Nem todas as companhias que atuam na área estão acostumadas a trabalhar em eventos de médio e grande porte. Entre os entrevistados, apenas 58% já tiveram alguma experiência nesta área.
ARTE À VENDA
A arte contemporânea brasileira caiu no gosto do mercado internacional. As exportações somaram US$ 24,2 milhões (R$ 45 milhões) de janeiro a julho deste ano. O valor aproxima-se dos US$ 26,6 milhões (R$ 49 milhões) de 2010. O Brasil é o país da América Latina que mais exporta arte, está à frente do México e da Argentina. A crise afastou, em 2010, três grandes compradores de arte brasileira -Reino Unido, França e Espanha- e fez cair as exportações em 31%.
Os dados preliminares de 2011, porém, apontam para um recorde de exportações, de acordo com Mônica Novaes Esmanhotto, gerente do Projeto Brasil Arte Contemporânea, da ApexBrasil (agência estatal de promoção de exportações). Não há nos registros o período artístico das peças exportadas, mas os tipos de obras sugerem que a maioria são de arte contemporânea. "Estão todos interessados. A arte contemporânea brasileira está valorizadíssima", diz Cândida Sodré, da casa de leilão Christie"s.
NÚMEROS
US$ 24,2 MILHÕES
foram exportados em obras de arte de janeiro a julho deste ano
US$ 26,6 MILHÕES
foi o total vendido pelo Brasil para outros países no ano passado
Humor... Uma pequena perda de otimismo foi registrada neste ano entre os empresários, na comparação com o ano passado, com relação a vendas e lucros, de acordo com levantamento realizado pela Amcham.
...nos negócios No ano passado, 79% apostavam em vendas crescentes ante o período anterior, agora são 71%. Para 2012, a expectativa volta ao padrão de 2010 (77%). A fatia de companhias que acreditam em aumento do lucro, que era de 64% em 2010, passa para 55% neste ano.
Desperdício... O Brasil é o país que mais se preocupa com o desperdício de alimentos, segundo pesquisa da Unilever Food Solutions, divisão da multinacional para o mercado de alimentação fora do lar, com 4.000 entrevistados.
...na mesa A maioria dos brasileiros (96%) se preocupa com o volume de comida desperdiçada e considera relevante o descarte sustentável dos resíduos em restaurantes. A preocupação com a quantidade de comida descartada nas refeições fora de casa é mais comum em países emergentes.
com JOANA CUNHA, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e PEDRO SOARES.
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