Cada um por si
ALON FEUERWERKER
CORREIO BRAZILIENSE - 22/09/11
Desde que o mundo é mundo as relações entre países se definem pela força de cada um e pelas alianças que conseguem construir para fortalecer o projeto nacional
Voltam os pronunciamentos sobre a necessidade de coordenar esforços para tirar o mundo da crise econômica. Costuma ser assim nas crises, pelo menos recentemente.
Foi assim em 2008, quando a chegada da quebradeira estimulou certa modalidade de fuga para adiante. O Brasil chegou a acreditar que estávamos diante de uma oportunidade histórica para alavancar o livre-comércio.
A previsão frustrou-se. Todas as tentativas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Celso Amorim para retomar e concluir a Rodada Doha deram em nada. E o livre-comércio foi saindo de moda. Ninguém mais fala nele a sério.
De tempos em tempos, volta-se a sonhar com a ascensão do G20. Apenas para constatar que o G8 tem sido mesmo é substituído pelo G2 (Estados Unidos e China).
A moda é proteger-se da tempestade, antes de gastar fosfato com as dores alheias. Piedade, só nos discursos.
É a lógica. Dois tipos de países estão em vantagem estratégica para emergir depois do tsunami: quem tem mercado interno vigoroso e quem consegue alcançar alta produtividade.
Se conta com os dois, como a China, está no melhor dos mundos. Mas mesmo um só já ajuda bem.
É o caso do Brasil. Competitividade e produtividade não são nosso forte, mas temos ainda muitas dezenas de milhões para serem transformados em consumidores plenos, e um governo ocupado em não deixar estancar a inclusão social.
Se vai conseguir é outra história, pois a fonte externa vai minguando, a bonança foi-se. Mas está empenhado.
Quais os prêmios que o Brasil teria a colocar na mesa da "coordenação geral contra a crise"? A valorização do real? A coisa caminha no sentido oposto.
O governo bate palmas e solta fogos para a desvalorização da nossa moeda, desde que o Banco Central cortou juros e mostrou que vai cortar mais.
A abertura do mercado brasileiro para produtos e serviços? A medida recente de proteção às montadoras locais de veículos mostrou que não é por aí.
Assembleias Gerais da Organização das Nações Unidas costumam ser palco propício para o desfilar de bons propósitos.
E só. Costumam também esgotar-se nelas mesmas. Como é provável que aconteça com esta.
Desde que o mundo é mundo as relações entre os países definem-se pela força de cada um e pelas alianças que conseguem construir para fortalecer o projeto nacional.
Isso não dá sinal de querer mudar.
CaciqueO candidato do PMDB conseguiu apenas metade dos votos da bancada na disputa da vaga no Tribunal de Contas da União.
É mais um sintoma de que algo não vai bem no sócio principal do condomínio político liderado pelo PT.
O cenário é também produto da música que toca no Palácio do Planalto. A reconcentração de poder segue em marcha batida. E não só na Esplanada dos Ministérios.
Na empreitada, o Planalto tem explorado bem certa contradição entre lideranças estabelecidas e parlamentares novos.
De repente, do nada, o cacique percebe que não é mais tão cacique assim.
FinanciamentoO relator da reforma política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), esclarece como funcionariam as contribuições financeiras privadas ao fundo comum eleitoral.
Pelo projeto, a Justiça fixará o volume total de recursos a serem gastos na eleição. Depois, haverá um prazo para as doações privadas. Ao fim desse prazo, as verbas públicas complementariam o que ficou faltando para atingir o teto previamente estabelecido.
Tudo isso antes do início efetivo da campanha. Doações, só antes das convenções.
PSDDe olho na mais de meia centena de votos de parlamentares a caminho do PSD, o relator Fontana estuda melhorar no seu projeto a condição financeira de legendas que não tenham disputado a última eleição e atinjam certa massa crítica em número de deputados e senadores.
Vai ganhar uns votos na turma do prefeito paulistano, Gilberto Kassab. Mas pode ter problemas na turma candidata a precisar apertar um pouco mais o cinto.
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