Se todos fazem...
VINICIUS MOTA
FOLHA DE SP - 22/08/11
SÃO PAULO - O governo Dilma Rousseff enfrenta ameaças de motim em sua base no Congresso. Paira um clima de desconfiança e traição. O chamado jornalismo investigativo passa por efervescência, de tantos informantes dispostos a relatar malfeitos de adversários.
As evidências de falcatruas proliferam. Como se diz no interior, cada enxadada, uma minhoca. Para toda investigação mais detalhada de ministério, autarquia ou estatal, parece corresponder um minhocuçu graúdo, cevado em patrimonialismo e corrupção.
Quatro ministros e uma baciada de assessores já perderam a cadeira, as dependências de um ministério foram devassadas pela Polícia Federal, membros da cúpula do Turismo dormiram em celas escaldantes no Amapá. E a onda de escândalos não dá mostras de que vá parar.
Apesar disso, a presidente, que mantém a popularidade relativamente elevada, recebe comitivas de novos e notórios parlamentares batendo à sua porta para entrar na base. Os que ameaçam debandada não convencem, porque jamais viveram sem as boquinhas.
O PV, amante do verde, diz que o faz em nome do patriotismo, pois em tempo de crise mundial é preciso estender a mão a Dilma. O PSD de Kassab, com seus 40 ou até mais congressistas, afirma que o faz em nome de algo como independência responsável. Vale a regra da canção de Cole Porter: se até água-viva lesada faz, vamos fazer também.
A verdade é que os políticos brasileiros, eles que com poucas exceções sempre tiveram uma queda pela caneta presidencial, estão cada vez mais atados ao governo. Não sobrevivem sem os seus contratos, os seus cargos e o seu poder, usurpado do Legislativo, de ditar as regras dos negócios e da vida civil.
A explosão de casos de corrupção não diminui essa força gravitacional. É apenas o efeito colateral da absorção de tanta gente querendo mamar. Dá chupeta.
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