segunda-feira, agosto 22, 2011

FÁBIO GALLO - Aluguel de ações é boa alternativa para quem quer fugir das oscilações da crise


Aluguel de ações é boa alternativa para quem quer fugir das oscilações da crise
FÁBIO GALLO
O Estado de S.Paulo - 22/08/11

Apesar da crise que acentuou a volatilidade da bolsa, continuo forte no mercado de ações. Sou casada, tenho 36 anos e sou a responsável pelas finanças lá em casa. Queria saber um pouco mais sobre aluguel de ações.

Todo investidor em ações com visão de longo prazo pode usar desse serviço. Funciona da mesma forma que alugar um imóvel, por exemplo. O primeiro passo é procurar sua corretora e firmar um contrato disponibilizando suas ações para empréstimo. A corretora vai fazer a intermediação entre você e o interessado em alugar as ações, quando serão firmadas as condições do aluguel (prazo e taxa de aluguel). Na sequência, suas ações serão transferidas para o BTC (Banco de Títulos da CBLC) organismo responsável por manter a custódia desses títulos. Durante o período de aluguel você não terá direito de frequentar as assembleias da empresa. Mas, todos os demais direitos, como dividendos, juros sobre capital próprio, direitos de subscrição, bonificações serão mantidos. Além da taxa de aluguel, você recebe da Bovespa a taxa de 0,05% ao ano sobre o volume emprestado. A cessão de ações é garantida pela bolsa. Na operação há incidência de IR na fonte sobre o rendimento com alíquotas de 22,5% (até seis meses) até 15% (acima de dois anos).

Tenho três filhos com menos de 7 anos e quero guardar um dinheiro para eles. É melhor fazer essa poupança em apenas uma única aplicação, comprando títulos do Tesouro Direto, por exemplo, ou investir em três planos de previdência individuais.

No caso de títulos do Tesouro são cobradas três taxas: a) taxa de negociação de 0,10% sobre o valor da operação; b) taxa de custódia da BM&FBOVESPA de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos; c) taxa de administração que é cobrada por parte do agente de custódia, pactuada no ato da negociação. Hoje, essas taxas estão na faixa de 0 a 1% ao ano. Como as taxas são porcentuais sobre o valor aplicado, não há diferença nos custos em fazer uma ou três aplicações. Mas, em outros tipos de previdência isso poderá ter influência. Usualmente, há vantagem de realizar uma única aplicação com ganhos de escala em relação ao valor e custos da operação. Aplicando um maior valor você poderá ter acesso a fundos com melhor performance e custos menores. Por outro lado, em planos de previdência privada dedicados às crianças, chamados de previdência júnior ou jovem, você poderá manter os planos em nome de cada um dos filhos e ainda obter alguns benefícios extras, como assistência financeira em caso de problemas durante o período de escola. A sua decisão deve ser feita com base nesses princípios, ok?

No início do ano apliquei R$ 50 mil no Tesouro Direto, mas talvez agora eu precise do dinheiro. No entanto, quando vou olhar o extrato consolidado tem menos do que eu apliquei. Isso é possível? Veja como aparece: LFT (07/03/15) R$ 12.000,00; LTN (01/01/13) R$ 10 mil; LTN (01/01/14) R$ 6 mil; NTN-B Principal (15/05/15) R$ 19 mil.

O fato é que os títulos do Tesouro Nacional, como qualquer outro título de renda fixa, prometem pagar a rentabilidade pactuada desde que o investidor permaneça com esse título até a data de seu vencimento. No caso de venda antecipada, o Tesouro recompra o título com base em seu valor de mercado. Se o investidor está precisando de dinheiro (e esses papéis têm alta liquidez), é possível vendê-los, mas pelo valor que o título está sendo transacionado no mercado. O valor de mercado é calculado com base na taxa de juros praticada no dia e pela fórmula matemática usada em todos os tipos de títulos - quanto maior a taxa atual em relação à praticada no momento de compra, menor será o valor atual do seu papel. O caso contrário também é verdadeiro, quanto menor a taxa atual, maior o valor de revenda. Em outros termos: no início do ano a taxa básica do mercado (Selic) estava em 11,25% ao ano - essa era a referência quando da compra do título. Hoje, essa mesma taxa está em 12,50% ao ano e passou a ser a referência para os cálculos dos títulos. Em caso de venda antecipada o desconto será maior e o preço de recompra será menor do que no início do ano. Pensando de maneira mais simples, os títulos novos, vendidos hoje, pagam mais juros do que aqueles similares do início do ano. Como o investidor está com um título que oferece menor rentabilidade, para vendê-lo hoje terá de oferecer um desconto em seu valor. No entanto, o investidor deve atentar ao fato de que, caso ele mantenha o título até o seu vencimento, receberá exatamente a rentabilidade combinada na data da compra e assim não terá perda de capital.

FÁBIO GALLO É PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV E DA PUC-SP

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