Troco mais adiante
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 19/08/11
Não bastasse o medo de ver algum de seus ministros entrar na linha de tiro, o PT teme um outro efeito da degola serial de integrantes do primeiro escalão de Dilma Rousseff: que as siglas aliadas respondam a esse fenômeno isolando o partido na formação de palanques para as eleições municipais do próximo ano.
Segundo auxiliares, o recente "mergulho" da presidente em encontros com políticos tem, entre outros objetivos, o de afastar essa ameaça. Em reunião com petistas e peemedebistas nesta semana, Dilma disse pela primeira vez que a composição da base governista deve ser o parâmetro para as alianças de 2012.
Hortifrúti De um cacique do PMDB, sobre a troca na Agricultura: "O Mendes é mesmo a escolha natural, embora não saiba diferenciar melancia de cenoura...".
Olha lá... Ciente das restrições do Planalto ao filotucano Eliseu Padilha (PMDB-RS), que ganhará vaga na Câmara com a ida de Mendes Ribeiro para a Esplanada, Michel Temer conversou com seu amigo do peito, que se comprometeu a "seguir as orientações da liderança".
Pólvora 1 A cúpula do PMDB tenta conter rebelião de ala da bancada insatisfeita com o líder Henrique Alves (RN). Os amotinados querem: a) obstrução se não for votada a Emenda 29; b) liberdade para assinar a CPI da Corrupção; c) barrar a escolha de Eduardo Cunha (RJ) para a relatoria da reforma do Código de Processo Civil.
Pólvora 2 Temer chamou a ala gaúcha, cheia de descontentes, para jantar na segunda. E Alves busca garantir a nomeação de um aliado de José Priante (PA), outro amotinado, à direção do Incra em Santarém.
Pólvora 3 O líder, porém, diz que não recua da indicação de Eduardo Cunha para relatar a reforma do código. Em tempo: também o Planalto reprova a escolha.
Cardápio América Latina e EUA dominaram a conversa na mesa em que almoçaram Dilma, FHC, Geraldo Alckmin e demais governadores presentes no Palácio dos Bandeirantes, após o lançamento do Brasil sem Miséria versão Sudeste. Os destaques foram o excelente desempenho de Cristina Kirchner nas prévias da Argentina, a pujança econômica da Colômbia e as agruras de Obama para se reeleger.
Ocioso De um cardeal petista que assistiu à solenidade de ontem, diante dos elogios de Alckmin a Dilma: "Com tantos afagos tucanos a ela, nós, do PT, ficamos praticamente sem função".
Vida real Para além da gentileza, Alckmin sabe que obras importantes de sua administração, como Rodoanel, Ferroanel, Monotrilho do ABC e modernização de portos, dependem de recursos do governo federal. Estado e União partilham também o interesse em desarmar "bombas fiscais" como a PEC 300, que estabelece piso nacional para policiais. A exemplo da equipe econômica de Dilma, o governador já se manifestou contrário à emenda, que a Câmara está louca para votar.
Secessão A dada altura de seu discurso no evento, a ministra Tereza Campello (Desenvolvimento Social) se confundiu e falou "Brasil sem Sudeste".
Na luta Marta Suplicy (PT-SP) teve com Dilma, na noite de anteontem, uma conversa de "grande sintonia feminina", nas palavras da senadora, sobre a eleição paulistana. Na segunda, o encontro será com Lula.
com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI
tiroteio
"Apesar das suspeitas que envolvem a Agência Nacional de Petróleo, a faxina da corrupção não chega ao Ministério de Minas e Energia, porque ali dá choque."
DO DEPUTADO DOMINGOS DUTRA (PT-MA), referindo-se à pasta comandada pelo peemedebista Edison Lobão, aliado histórico da família Sarney.
contraponto
É dando que se recebe
Em seu derradeiro compromisso como ministro da Agricultura, Wagner Rossi recebeu, na tarde de anteontem, um grupo de agricultores do Vale do Ribeira. Eles protestavam contra a crescente entrada no país de bananas provenientes do Equador, reivindicando apoio federal aos produtores paulistas.
Ao sair da reunião, a prefeita de Registro, Sandra Kennedy (PT), que liderava a caravana, comentou:
-Ele deu o maior apoio às bananas do Brasil!
Um produtor que a acompanhava completou:
-Pois é, agora só falta darem uma banana pra ele...
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