Para valer?
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 19/08/11
A presidente Dilma anunciou o início de uma faxina ética nos altos escalões do poder público -- e também, deve-se deduzir, nos baixos e médios, já que a estrutura administrativa tem a triste característica de ser vulnerável dos pés à cabeça. No Brasil e no resto do mundo.
No Congresso, a iniciativa provocou reações curiosas. A primeira consequência da decisão de Dilma foi o lançamento de uma frente multipartidária contra a corrupção e a impunidade. É curioso: para observadores inocentes, a novidade pode parecer uma confissão de que, até agora, deputados e senadores eram indiferentes à possibilidade de homens públicos cederem à tentação de, numa expressão cunhada há muito tempo, mamarem nas tetas do Estado.
O dado mais curioso do episódio foi o fato de que aliados e adversários da presidente não gostaram da tal frente. Os primeiros, dizendo que ela era desnecessária: "Todos no Senado são contra a corrupção", disse o líder do governo, Romero Jucá, numa generalização, pode-se dizer, extremamente audaciosa.
Já o líder do PSDB, Álvaro Dias, definiu a decisão da presidente como um retórico jogo de cena: para ele, se Dilma fosse sincera, a faxina teria começado com o recente escândalo do Dnit.
A reação mais curiosa foi a do senador petista José Pimentel. Ao sustentar, numa generalização audaciosa, que "a História se repete como farsa", ele afirmou que na década de 50, diante de uma enxurrada de denúncias, "Getúlio Vargas teve que dar um tiro no peito". É, certamente, uma curiosa - e, até certo ponto, desrespeitosa - definição do gesto final do presidente.
Com todo o respeito pelo fim trágico daquele episódio histórico, ele com certeza não é argumento contra a investigação de casos de corrupção - que não eram poucos nem desimportantes no último governo de Vargas. O qual, é sempre bom lembrar, não se suicidou devido a denúncias de escândalos no Palácio do Catete, e sim porque elas eram esmagadoramente verdadeiras.
Dilma, em face de sérias denúncias, preferiu anunciar uma faxina. É certamente uma reação inteligente: evita que a iniciativa parta da oposição. Se será uma limpeza para valer, em pouco tempo se saberá.
No Congresso, a iniciativa provocou reações curiosas. A primeira consequência da decisão de Dilma foi o lançamento de uma frente multipartidária contra a corrupção e a impunidade. É curioso: para observadores inocentes, a novidade pode parecer uma confissão de que, até agora, deputados e senadores eram indiferentes à possibilidade de homens públicos cederem à tentação de, numa expressão cunhada há muito tempo, mamarem nas tetas do Estado.
O dado mais curioso do episódio foi o fato de que aliados e adversários da presidente não gostaram da tal frente. Os primeiros, dizendo que ela era desnecessária: "Todos no Senado são contra a corrupção", disse o líder do governo, Romero Jucá, numa generalização, pode-se dizer, extremamente audaciosa.
Já o líder do PSDB, Álvaro Dias, definiu a decisão da presidente como um retórico jogo de cena: para ele, se Dilma fosse sincera, a faxina teria começado com o recente escândalo do Dnit.
A reação mais curiosa foi a do senador petista José Pimentel. Ao sustentar, numa generalização audaciosa, que "a História se repete como farsa", ele afirmou que na década de 50, diante de uma enxurrada de denúncias, "Getúlio Vargas teve que dar um tiro no peito". É, certamente, uma curiosa - e, até certo ponto, desrespeitosa - definição do gesto final do presidente.
Com todo o respeito pelo fim trágico daquele episódio histórico, ele com certeza não é argumento contra a investigação de casos de corrupção - que não eram poucos nem desimportantes no último governo de Vargas. O qual, é sempre bom lembrar, não se suicidou devido a denúncias de escândalos no Palácio do Catete, e sim porque elas eram esmagadoramente verdadeiras.
Dilma, em face de sérias denúncias, preferiu anunciar uma faxina. É certamente uma reação inteligente: evita que a iniciativa parta da oposição. Se será uma limpeza para valer, em pouco tempo se saberá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário