Armação ilimitada
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/03/11
SÃO PAULO - O deputado tucano Barros Munhoz foi reeleito presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo. Teve 92 de 94 votos, marca de ditador do Sudão. Carlos Giannazi (PSOL) e Major Olímpio (PDT) votaram em si mesmos.
Munhoz é acusado pelo desvio de R$ 3,1 milhões quando era prefeito de Itapira, até 2004. Na sua gestão, licitações foram vencidas por uma empresa-fantasma, em nome de laranjas. Parte do pagamento à "empresa" foi sacado na boca do caixa, por assessores de Munhoz, com cheques endossados pelo próprio. O Ministério Público diz que há mais de R$ 900 mil em depósitos na sua conta pessoal.
Tudo isso foi revelado pela Folha desde a última sexta. Foi como se nada tivesse acontecido. O PSDB manteve a indicação de Munhoz. Deve ter avaliado que não tinha entre seus quadros ninguém com biografia assim... tão adequada. Costumam ser muito zelosos os tucanos.
E o PT? O PT, a maior bancada da Assembleia, com 24 deputados, despejou todos os votos no tucano amigo. Ganhou, em troca, a primeira e a quarta secretarias da mesa diretora. A primeira secretaria é uma espécie de prefeitura da Assembleia, muito cobiçada. Tem 62 cargos sob sua indicação. É responsável pela elaboração dos editais e pelos contratos da Casa. Um dos mais importantes, no momento, trata da renovação da frota de carros.
O PT há muito deixou de ser um partido diferente dos outros. Mas o PT de São Paulo merece nota à parte. Na eleição à presidência da Câmara Municipal, no ano passado, se aliou ao "centrão" para apoiar Milton Leite, do DEM, contra o candidato tucano -José Police Neto.
O suplente de Marta Suplicy no Senado é o vereador Antonio Carlos Rodrigues, do PR, uma espécie de Marlon Brando do "centrão" -advinhe em qual personagem?
Os interesses que levaram o PT a abraçar o "centrão" são os mesmos que agora movem o partido a aclamar Munhoz? Qual seria o limite para o descalabro moral do PT?
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