quarta-feira, dezembro 15, 2010

FERNANDO RODRIGUES

O PT  sem Lula
FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SÃO PAULO - 15/12/10
BRASÍLIA - O PT apresentou ontem a "avant-première" de como será sua vida sem Lula. Os deputados da legenda se engalfinharam para escolher o candidato a presidente da Câmara. Racharam. Feridas foram abertas. São grandes. Não cicatrizarão tão cedo.
Esse filme já passou em 2005. Naquele ano, o PT viveu uma cizânia interna. Mais de um petista queria presidir a Câmara. Acabou vencendo Severino Cavalcanti, filiado ao PP e representante do chamado baixo clero, o grupo sem expressão política no Legislativo.
Após 2005, Lula resolveu exercer o comando com mão de ferro. Ordenou aos petistas que fizessem um acordo com o PMDB para haver um rodízio no comando da Câmara. Humilhou seus companheiros impondo à legenda dar apoio a José Sarney quando o senador pelo Amapá era acusado de malfeitos em série. Tudo isso é história.
Sem Lula à frente, várias correntes petistas se movimentam para herdar o maior naco do espólio do já quase ex-presidente.
A lógica agora seria o líder do governo Lula na Câmara, o paulista Cândido Vaccarezza, ser escolhido pelo PT para presidir a Casa. Foi patrolado pelas forças contrárias ao paulicentrismo da sigla.
O nome petista para ocupar o terceiro cargo na hierarquia da República será o de Marco Maia, do Rio Grande do Sul e ainda pouco conhecido do grande público. Teve ao seu lado o governador gaúcho eleito, Tarso Genro -no passado, adversário de Dilma Rousseff.
Os petistas mineiros também deram seu troco. Nunca engoliram a forma como Lula os obrigou a não ter candidato a governador neste ano. Hoje, comemoravam a vitória sobre Vaccarezza.
É cedo para saber como será, de fato, o desempenho do PT sem Lula daqui para a frente. Mas o aperitivo de ontem indica muita discórdia. Mesmo sem ter ainda assumido, Dilma Rousseff sofreu seu primeiro revés no Congresso.

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