domingo, fevereiro 14, 2010

ELIO GASPARI

A anarquia militar é praga do século passado

FOLHA DE SÃO PAULO - 14/02/10


Indisciplinas como a do general Maynard começam com palavras, mas acabam em golpes, tortura e morte

A EXONERAÇÃO do general Maynard Santa Rosa do Departamento-Geral de Pessoal do Exército veio bem e veio tarde. Ele deveria ter sido disciplinado quando criticou a conduta do governo na demarcação da reserva indígena de Roraima. Um cidadão tem todo o direito de achar que a Comissão da Verdade será uma "Comissão da Calúnia", mas militar, de cabo a general, não pode expressar publicamente suas opiniões políticas. Muito menos atacar um decreto presidencial.
Foram muitas as pragas da vida brasileira no século passado. Uma das piores foi a anarquia militar. Entre os 18 do Forte de 1922 e a bomba do Riocentro de 1981, ocorreram pelo menos 20 episódios relevantes de insubordinação militar, um a cada três anos. Alguns fracassaram, outros prevaleceram. Uns tiveram apoio popular, outros foram produto da pura vontade dos quartéis. Uns agradaram à esquerda, outros, à direita.
Em mais de meio século de anarquia, a pior bagunça ocorreu precisamente durante os 21 anos de ditadura militar. Em 1969, o país virou uma casa da mãe joana. O presidente Costa e Silva teve uma isquemia cerebral, seu sucessor legal, o vice Pedro Aleixo, foi impedido de assumir o cargo e a cúpula militar resolveu escolher seu sucessor.
Os generais entendiam que o povo não tinha a educação necessária para escolher um presidente. E aí? Quem escolhe? Os comandantes militares? Nem pensar, assim como voto do enfermeiro não podia valer o mesmo que o de um médico, o de um general que comandava uma mesa não valia a mesma coisa que o de um comandante de tropa. Fez-se a eleição mais manipulada da história nacional. Tão manipulada que não se conhecem nem sequer as regras do processo que escolheu o general Emilio Medici. Sobrevivem apenas duas tabelas que não fazem nexo.
Durante a ditadura, a anarquia produziu e institucionalizou um aparelho repressivo que se deu à delinquência da tortura, do assassinato de cidadãos e do extermínio de militantes de organizações esquerdistas. Começaram combatendo os grupos que, entre 1966 e 1973, se lançaram num surto terrorista. Terminaram com um pedaço dessa máquina fazendo seu próprio terrorismo, botando bombas em instituições acadêmicas, bancas de jornais e entidades como a OAB e a ABI.
Quem namora pronunciamentos militares deve contemplar duas fotografias: a dos 18 do Forte, heroica, com os oficiais caminhando desafiadoramente pela avenida Atlântica, alguns deles para a morte, e a do Puma do Riocentro com o corpo dilacerado do sargento do DOI. São cenas diferentes, mas têm a mesma nascente.

A VERDADE DO COMISSÁRIO TARSO GENRO

Na briga em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos estabeleceu-se um conflito entre os canibais e os antropófagos (parece que essa imagem é de Jorge Luis Borges). De um lado alinharam-se as vivandeiras de uma ditadura falecida. De outro, hierarcas do governo que se dedicam a organizar eventos, aspergir a Bolsas-Ditadura, e simular investigações.
O governo de Nosso Guia não quer buscar verdade alguma. Um episódio relacionado com aquilo que se denomina Guerrilha do Araguaia expõe a falsidade.
(No Araguaia teria havido uma guerrilha que começou com a fuga do chefe político -João Amazonas, em 1972- e terminou com a fuga do chefe militar -Angelo Arroyo, em 1974. Nela desapareceram pelo menos 70 pessoas, na maioria jovens militantes do PC do B. Havia engenheiros, médico, geólogo, enfermeira, três ex-estudantes de física, um de astronomia, outra de alemão.)
Há duas semanas, numa entrevista ao repórter Valdo Cruz, o comissário Tarso Genro tratou do caso e, referindo-se à ação da tropa, disse o seguinte:
"Participaram dos combates no Araguaia, mas aquilo é combate militar, não é repressão política no porões".
Caso típico de manipulação stalinista da história. O comissário mente. Em dois anos, deram-se no Araguaia, no máximo, dez enfrentamentos. Depois de dezembro de 1974 não se sabe de um só. Nessa época, desorganizados, escondiam-se na mata pelo menos 35 sobreviventes. Uns foram capturados, outros renderam-se.
No dia 18 de janeiro de 1974, dois meses antes de tomar posse na Presidência da República, o general Ernesto Geisel teve o seguinte diálogo com o tenente-coronel Germano Arnoldi Pedroso, quadro do Centro de Informações do Exército e chefe de sua segurança:
"-Vem cá, E como é que está aquela operação lá em Altamira?
-Lá em Xambioá? Tenho a impressão de que se prosseguir como tem sido executada, mais uns dois ou três meses liquida-se aquilo lá.
-Mas eles conseguiram alguma coisa?
-Atualmente já pegaram quase 30.
-Trinta?
-Trinta. (....)
-E esses 30, o que eles fizeram? Liquidaram? Também?
-Também.
-Hein?
-Alguns na própria ação. E outros presos, depois. Não tem jeito não."
Combate, comissário?

BOLA DA VEZ
Para o bem de todos e a felicidade geral da nação, o STJ botou na cadeia o governador José Roberto Arruda. Pode ser mais difícil, mas há procuradores no Ministério Público e investigadores da Polícia Federal acreditando que devem pedir a prisão preventiva do empresário Fernando Sarney.

QUIROMANCIA
Corre pela política do Rio um exercício de quiromancia eleitoral capaz de levar desassossego a Dilma Rousseff. Marina Silva pode ganhar a eleição presidencial na cidade. Essa informação vale pela ansiedade que provoca hoje. Nada a ver com o resultado de outubro, que geralmente contradiz as previsões feitas em fevereiro.

CUBANET
Está na Venezuela o comandante Ramiro Valdés, segundo homem da hierarquia cubana e comissário das telecomunicações do país. É ele quem cuida do isolamento eletrônico de Cuba. Nas suas palavras: "A internet é um instrumento global de extermínio". Apelidado "El Chivo" ("Bode"), por conta de seu cavanhaque, o comandante é um remanescente do ataque de Fidel Castro ao quartel Moncada, em 1953.
No ano passado, uma equipe do comissariado de internet do governo brasileiro reuniu-se com ele em Havana. Há dois anos "El Chivo" passou pelo Brasil. A dúvida é se ele veio aprender ou ensinar.

MALVADEZA
De um escorpião:
"O desempenho do prefeito Gilberto Kassab durante a enchente paulista formou uma nuvem sobre a cabeça do governador José Serra. Ele pode virar o seu Celso Pitta. (Kassab foi secretário de Planejamento do prefeito Pitta, que por sua vez foi o poste de Paulo Maluf.)

Um comentário:

SOS DIREITOS HUMANOS disse...

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...



"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão
têm direito inalienável à Verdade, Memória,
História e Justiça!" Otoniel Ajala Dourado



O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA


No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato "JOSÉ LOURENÇO", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre Cícero Romão Batista, encarados como “socialistas periculosos”.



O CRIME DE LESA HUMANIDADE


O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.


A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS


Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará É de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e pelos Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que: a) seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) sejam os restos mortais exumados e identificados através de DNA e enterrados com dignidade, c) os documentos do massacre sejam liberados para o público e o crime seja incluído nos livros de história, d) os descendentes das vítimas e sobreviventes sejam indenizados no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos



A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO


A Ação Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, redistribuída para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá foi extinta sem julgamento do mérito em 16.09.2009.



AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5


A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do Sítio Caldeirão é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do Sítio Caldeirão não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;



A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA


A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo desaparecimento forçado de 1000 pessoas do Sítio Caldeirão.


QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLETIVA


A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem encontrar a cova coletiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes procurados no "Geopark Araripe" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?



A COMISSÃO DA VERDADE


A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue esta notícia em seu blog, e a envie para seus representantes na Câmara municipal, Assembléia Legislativa, Câmara e Senado Federal, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal que informe o local da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão.



Paz e Solidariedade,



Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br