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CORREIO BRAZILIENSE - 16/02/10 | ||
Na sexta-feira passada não tinha quem entregasse a chave da cidade para o Rei Momo. Conforme a tradição, seria o governador. Mas José Roberto Arruda tinha sido preso, o vice Paulo Octávio aguardava os desdobramentos. Restou ao então Secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, dar início oficial ao reinado de Momo. De lá pra cá, Gorgulho entregou o cargo. O governador interino Paulo Octávio está sem clima para receber a chave de volta no final do mais turbulento carnaval de Brasília. Rei Momo sabe bem quando termina seu reinado. Já Paulo Octávio não faz a menor ideia. Seu governo é cronometrado. Uma luta que será travada minuto a minuto, dia a dia. Mal assumiu e foi alvejado com quatro pedidos de impeachment. Uma ameaça de intervenção federal e até o retorno de Arruda ao cargo quando sair da prisão são possibilidades para encerrar a governança de PO. Seu partido, o DEM, também cobra uma retirada do governo e apoia a intervenção federal. * * * Diante da tanta pressão, o que dizer ao povo? Fica ou não fica? "Depende", respondeu Paulo Octávio à coluna. "Não sei até quando vai durar o exercício dessa função. Por enquanto, fico. Mas o futuro depende das condições de governabilidade", explicou. Disse acreditar num retorno de Arruda ao cargo. Mas é esperado de Arruda uma renúncia para não perder os direitos políticos. Amanhã, o governador em exercício vai ao encontro do presidente Lula. Pedir ajuda. "Brasília não pode parar", disse PO. Entregará uma carta em que se apresenta como um colaborador. "Só posso adiantar que pretendo deixar clara a minha disposição em ser um facilitador e acatar todas as decisões que vierem de esferas judiciais". Capital da esperança// O bloco do Governo do Distrito Federal foi barrado na avenida. Teve de recolher os estandartes. Mas Brasília, a capital federal, sobreviveu. O desfile da Beija-Flor, no Rio de Janeiro, fez bonito e ajudou o Brasil a entender que a história de uma cidade é a história de seu povo e não pode ser confundida, neste momento, com o vexame de seus recentes governantes. Brasília foi e continuará sendo a capital da esperança. Mensagem Paulo Octávio disse que está tendo dificuldade de se comunicar com Arruda. Perguntado que mensagem enviaria na cadeia ao governador afastado disse: "Tenha fé e coragem". E sobre o governo? "Não quero incomodá-lo com tais assuntos neste momento", desconversou. Convites O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso (foto) e o ex-presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) Paulo César Ávila foram convidados a assumirem cargos no GDF. Veloso teve longa conversa com PO no domingo. Os nomes eram cotados para assumir a secretaria de governo e a chefia da Casa Civil. Pressão política O chefe da Inteligência desabafa que os policiais podem ser sujeitos, sim, a pressões políticas. Mas que a maioria está comprometida com as funções. "Somos removidos de cargo se confrontamos interesses, o que já aconteceu comigo em 1999. E não temo que aconteça de novo", afirma. Foi na mudança do governo Cristovam Buarque então PT para o de Joaquim Roriz, então PMDB. Nugolli investigava a máfia do Gama que envolvia o atual corregedor do Tribunal de Contas do DF, Manoel de Andrade, na época deputado distrital. Inteligência da Civil reage A cada dia a teia do esquema investigado pela Operação Caixa de Pandora estica. Partindo do GDF, atravessou a Câmara Legislativa, já passou pelo Ministério Público do DF, e agora se instala na Polícia Civil. A corporação está sendo acusada de fazer espionagem política a mando de Arruda. O chefe da área de Inteligência, delegado Geraldo Nugolli (foto), no cargo há sete meses, afirma que a arapongagem não saiu de lá. Atribui as acusações a "revanchismo de alguns integrantes do Ministério Público" devido à disputa pela condução de investigações. "Os policiais do setor estão ofendidos. Há uma tentativa agora de denegrir a polícia." Ele se diz preparado para responder qualquer questionamento sobre as suspeitas. "Primeiro, onde está o acusador?" "Tecnicamente não dá para usar o sistema sem autorização judicial. As operadoras só liberam o sinal diante disso", afirma Nugolli. O Guardião O sistema de interceptações telefônicas da Polícia Civil do DF, chamado o Guardião, foi reforçado com investimento de R$ 1,5 milhão em dezembro passado. Foram instalados terminais remotos nas delegacias que não contavam com o equipamento. Promotores pleiteavam há tempo a instalação do sistema no Ministério Público do DF para acompanharem online as interceptações, o que vem sendo negado pela Polícia Civil por questões técnicas e de quebra de segurança. Os promotores têm uma sala reservada na Polícia Civil para terem acesso às escutas. Corpo a corpo Geraldo Magela decidiu investir na vaga ao GDF, depois de perceber o namoro do PT com o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB), para ser o segundo nome ao Senado de uma possível chapa. Magela perde com tal composição se sair ao Senado. Disputaria a vaga de deputado federal se o quadro acima se confirmasse. O que abriria caminho para Chico Leite ser o candidato petista ao Senado no DF. Leite está páreo a páreo com Magela nas pesquisas para o Senado. |
terça-feira, fevereiro 16, 2010
BRASÍLIA -DF
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