Três times com a mesma cara
JORNAL DO BRASIL - 21/10/09
Tempos atrás, alguém da TV Globo, que não me lembro quem, disse que a partida não tinha agradado porque a audiência da televisão foi baixa. É assim que a TV vê o futebol.
Para aumentar a audiência e ter mais lucros, a Globo quer mudar a fórmula dos pontos corridos, que tem dado certo, para os mata-matas. Ela quer ainda manter o absurdo horário das 21h50. Se outra TV aberta tivesse o mesmo poder, faria o mesmo. O futebol é um negócio. O esporte é um detalhe.
Não vejo razão para a onda de pessimismo em relação ao Palmeiras. Todas as equipes alternam bons e maus momentos. O Palmeiras continua com a vantagem de quatro pontos. Ainda é o grande favorito.
Andrade, com seu jeito sereno e sem a prepotência de outros treinadores, está acabando com o clichê de que o Flamengo não pode jogar com Juan e Leonardo Moura, nas laterais, e somente com dois zagueiros. A defesa melhorou muito depois que mudou o esquema tático. Toró, Willians e Aírton estão também aprendendo, com Andrade e Maldonado, que marcar bem não é correr atrás do adversário para fazer faltas e dar pontapés.
No futebol atual, há muitos jogadores valorizados que correm muito e jogam pouco. São os craques da prancheta. Petkovic corre pouco (menos que os outros) e joga muito.
Como disse o mestre Fernando Calazans, Petkovic, 37 anos, não mostra apenas como se deve jogar futebol. Ele mostra também como os outros não sabem jogar futebol.
O problema do Flamengo é conviver com o oba-oba. Parte da imprensa, a que tem mais seguidores, palavras da moda, para agradar a maior torcida do Brasil e aumentar a audiência, alimenta a ilusão de que o time é espetacular e que ninguém segura mais o Flamengo.
O Palmeiras, como acontecia com o São Paulo, dirigido por Muricy, não agrada, mesmo quando vence. O excelente Cleiton Xavier caiu de produção. Ele incorporou o estilo de Jorge Wágner. Pega a bola e cruza. Cleiton Xavier tem muito mais recursos que Jorge Wágner. Não pode fazer só isso.
A principal qualidade do Pal meiras, que era a mesma do São Paulo, comandado por Muricy, é jogar no limite físico e emocional, ser um time disciplinado e guerreiro, em todos os momentos da partida e em todas as partidas. Méritos para Muricy. Isso faz a diferença em um campeonato equilibrado e sem grande qualidade técnica. Além disso, o Palmeiras, como tinha o São Paulo, possui vários excelentes jogadores.
O São Paulo, dirigido por Ri cardo Gomes, joga no mesmo es quema tático e tem a mesma es tratégia do São Paulo, comandado por Muricy. Onde está o futebol de troca de passes que Ricardo Gomes queria? Nunca apareceu. Como antes, Dagoberto tenta, durante todo o jogo, enganar o árbitro, com suas teatrais caídas no gramado. Ridículo. Isso não é futebol.
O Palmeiras e o São Paulo, de hoje, e o São Paulo, de antes, são muito parecidos. Os três têm a cara de Muricy. Se o Palmeiras ganhar o título, haverá ainda mais seguidores. Muricy poderá fazer até um manual sobre como ganhar o Bra sileiro. Será um sucesso. É o pensamento único. Isso empobrece o futebol.
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