FOLHA DE SÃO PAULO - 21/10/09
RIO DE JANEIRO - Sir Craig Reedie, influente executivo britânico do Comitê Olímpico Internacional (COI), não se impressionou muito com os acontecimentos de sábado no Rio. Para ele, a tragédia ocorrida em Londres a 7 de julho de 2005, um dia depois da escolha da cidade como palco da Olimpíada de 2012, foi pior.
Naquela manhã, quatro homens-bomba ligados à Al Qaeda atacaram os transportes de Londres, explodindo três composições do metrô e um ônibus chope-duplo, matando 52 pessoas e ferindo 700. Era um aviso para que as tropas inglesas se retirassem do Iraque. Duas semanas depois, o imigrante brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista, foi morto pela Scotland Yard com 12 tiros na cabeça, no mesmo metrô.
A capacidade de Londres para organizar a Olimpíada não foi posta em dúvida por causa disso. Os nativos continuaram pigarreando, tomando cerveja quente e apostando em corrida de cachorro. A fleuma inglesa pode vir da memória de que não havia grande cidade mais pobre, suja e insegura do que Londres nos séculos 18 e 19 -e, apesar de tudo, sobreviveu-se. Mesmo na 2ª Guerra, com bombas caindo sobre suas cabeças, os londrinos iam ao teatro para rir com "Blithe Spirit", uma comédia de Noël Coward.
Por sorte, ou por falta de, não temos esta fleuma e tendemos a nos desesperar diante de tudo de ruim que acontece em nossas cidades. O Rio tem um problema, certo. Que não é só dele, mas do país -e é bom que vingue logo essa consciência, para o bem do próprio país.
Sir Craig gostaria de saber que, nesta segunda-feira, em Vila Isabel, a poucos metros da área do conflito, calceteiros cariocas refaziam os desenhos de notas musicais com pedras portuguesas que enfeitam as calçadas do boulevard 28 de Setembro. Não é fleuma, mas fé.
RIO DE JANEIRO - Sir Craig Reedie, influente executivo britânico do Comitê Olímpico Internacional (COI), não se impressionou muito com os acontecimentos de sábado no Rio. Para ele, a tragédia ocorrida em Londres a 7 de julho de 2005, um dia depois da escolha da cidade como palco da Olimpíada de 2012, foi pior.
Naquela manhã, quatro homens-bomba ligados à Al Qaeda atacaram os transportes de Londres, explodindo três composições do metrô e um ônibus chope-duplo, matando 52 pessoas e ferindo 700. Era um aviso para que as tropas inglesas se retirassem do Iraque. Duas semanas depois, o imigrante brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista, foi morto pela Scotland Yard com 12 tiros na cabeça, no mesmo metrô.
A capacidade de Londres para organizar a Olimpíada não foi posta em dúvida por causa disso. Os nativos continuaram pigarreando, tomando cerveja quente e apostando em corrida de cachorro. A fleuma inglesa pode vir da memória de que não havia grande cidade mais pobre, suja e insegura do que Londres nos séculos 18 e 19 -e, apesar de tudo, sobreviveu-se. Mesmo na 2ª Guerra, com bombas caindo sobre suas cabeças, os londrinos iam ao teatro para rir com "Blithe Spirit", uma comédia de Noël Coward.
Por sorte, ou por falta de, não temos esta fleuma e tendemos a nos desesperar diante de tudo de ruim que acontece em nossas cidades. O Rio tem um problema, certo. Que não é só dele, mas do país -e é bom que vingue logo essa consciência, para o bem do próprio país.
Sir Craig gostaria de saber que, nesta segunda-feira, em Vila Isabel, a poucos metros da área do conflito, calceteiros cariocas refaziam os desenhos de notas musicais com pedras portuguesas que enfeitam as calçadas do boulevard 28 de Setembro. Não é fleuma, mas fé.
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