Boa coisa não sai daí
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/10/09
BRASÍLIA - Depois de tomar de assalto o Banco do Brasil e a Petrobras e de patrocinar operações heterodoxas no caso Varig e na venda da Brasil Telecom para a Oi, o governo agora parte com tudo para cima da Vale do Rio Doce.
De um lado, Lula e Dilma fritam o seu presidente, Roger Agnelli. Do outro, uma nova dupla do barulho surge no horizonte de 2010: o megaempresário Eike Batista e o megapetista Sérgio Rosa.
Eike, um dos financiadores do filme de Lula para a sucessão de Lula, foi expulso da Bolívia sob acusação de prejudicar os interesses do Estado e do povo boliviano. Rosa é desses que está sempre no lugar certo na hora certa. Quer ver?
Foi do Conselho de Administração justamente da Brasil Telecom, é do Conselho de Administração da Vale e preside a riquíssima Previ (fundo de pensão do BB) desde 2003, primeiro ano da era Lula.
Na campanha de 2002, Rosa era diretor de Participações do BB e mandou uma cartinha para os conselheiros da Previ em empresas privadas, com uma orientação: a participação das empresas na eleição seria "saudável, necessária e democrática". E uma ordem: ele cobrava informações "quanto à participação efetiva no processo".
Em bom português, Rosa pressionou as empresas para que contribuíssem na campanha. Só faltou dizer: "Lula, esse é o cara!". Nem precisava.
E por que Lula e Dilma querem mexer na Vale? Como registrou o editorial de ontem da Folha ("Assédio na Vale"), a empresa vai bem, obrigada. Desde a privatização, em 1997, o valor de mercado pulou de US$ 8 bi para US$ 125 bi, e os empregos, de 10 mil para 60 mil.
A motivação de Lula e Dilma pode, portanto, estar na equação Eike Batista-Sérgio Rosa-ano eleitoral. Com resultados previsíveis.
Mais experiente, Rosa não vai deixar a digital em novos bilhetes comprometedores, mesmo com costas quentes. Mas pode escrever: boa coisa não vai sair daí.
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