A faca, o queijo e muito mais
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/09/09
BRASÍLIA - Ano eleitoral e fim de crise econômica são uma combinação perfeita para fazer jorrar dinheiro em projetos mui populares. Dinheiro não só do Tesouro mas de toda e qualquer fonte que venha a somar -sobretudo, votos.
Além dos R$ 100 bi para capitalizar a Petrobras e para explorar o pré-sal e o nacionalismo, principais bandeiras governistas, há muitos outros cifrões programados para 2010. Ninguém segura este país.
Nem as contas.
Para a massa do eleitorado, e excluindo o já bem conhecido Bolsa Família, há os R$ 7,3 bi do Orçamento para o Minha Casa, Minha Vida e o pacote de R$ 14,5 bilhões do Banco do Brasil para micro e pequenas empresas. Ou seja, para o sr.
João da padaria, ou para a d. Maria da loja de doces, com todos os seus funcionários e clientes.
Isso tudo sem falar em mais um aumento real tanto do salário mínimo como das aposentadorias. Uma bolada estimada em R$ 8 bi a mais para um e em R$ 3 bi a mais para os outros em 2010.
Quem pode ser contra? Qual candidato de oposição pode condenar verbas para o pré-sal, para o Bolsa Família, para as micro e pequenas empresas, para a casa própria, para o mínimo, para os aposentados?
A concorrência é desleal e ameaça a alternância de poder. Se a economia mundial cresce e o governo aproveita bem e gasta muito, quem está sentado no cargo faz regras a seu favor e inevitavelmente vai se re-reelegendo. Daí a onda populista-continuísta da América do Sul.
Chávez, Evo Morales e Rafael Correa já mudaram as leis para o terceiro (ou quarto, quinto...) mandato. À direita, digamos assim, agora é a vez de Alvaro Uribe. Como presidentes, eles têm a faca, o queijo e os bilhões da máquina a favor de seus projetos eternizantes.
Ainda bem que, por aqui, e por enquanto, os governantes não podem jogar tudo isso nos seus próprios palanques. No máximo, nos dos seus candidatos. Ou candidatas.
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