Foi a pedido de Delcídio Amaral e Ideli Salvatti que o presidente do PT, Ricardo Berzoini, emitiu a nota em defesa do sepultamento definitivo de investigações contra José Sarney. Obrigados a votar devido à recusa do líder Aloizio Mercadante em nomear novos titulares para o Conselho de Ética, os dois queriam algo que lhes permitisse dizer ao eleitor que livraram a cara de Sarney por determinação superior. Ao se recusar a ler a nota, Mercadante retirou-lhe o caráter institucional. O discurso de Flávio Arns ("me envergonha estar no PT") completou o desastre. Longe dali, um grão-petista minimizava a confusão e a saída de Marina Silva: "O PT tomou um rumo. Vamos trazer o PMDB para Dilma. Quem não estiver contente que procure outro caminho".
Não falei! De Mercadante: "A carta está assinada. E nunca assumi o compromisso de defender essa posição".
Falou sim! De Delcídio, no Twitter: "Coisa feia, Mercadante. Pela manhã assumiu que iria ler a carta do Berzoini, mas em coletiva negou".
Disfarça... Foi de propósito que Delcídio proferiu longe do microfone seus votos pró-Sarney. O ex-presidente da CPI dos Correios providenciou livros e revistas para esconder o rosto e usou inusuais óculos de leitura.
...e vota. O tucano Flexa Ribeiro provocou: "Ideli, ninguém ouviu o seu voto". "Meu voto foi esse aí", respondeu a petista de cara amarrada.
De saída. Flávio Arns negocia filiação ao PSC do deputado Ratinho Júnior. Sabe que o nome preferido do PT para o Senado pelo Paraná é o de Gleisi Hoffmann. O partido lhe sugeriu tentar a Câmara.
Reality. O vice-presidente Marconi Perillo (PSDB-GO) suspendeu a sessão do plenário para que a TV Senado exibisse ao vivo o PT salvando Sarney no Conselho de Ética. "É por isso que o Lula me odeia", brincava ele, depois.
Freezer. Franklin Paes Landim, o funcionário que introduziu boletins com atos secretos na intranet do Senado depois da abertura de investigação, foi removido do cargo de chefe de publicações e devolvido para a Gráfica.
Internacional. O anúncio da saída de Marina Silva do PT foi acompanhado por pelo menos cinco veículos estrangeiros, entre agências de notícias, TVs, jornais e revistas.
Ontem e hoje. Para Luiza Erundina, uma das primeiras a romper com o PT, Marina "fará a diferença no debate". "Ela tem perfil mais parecido com o Lula do que a Dilma", diz a ex-prefeita, hoje no PSB.
Melhor não. Ao final do depoimento de Lina Vieira no Senado, Dilma Rousseff estava decidida a divulgar nota para marcar o encerramento do caso, uma vez que a ex-secretária da Receita não apresentou prova do encontro que afirma ter mantido com a ministra. Lula, porém, abortou a iniciativa, sob o argumento de que daria corda à oposição.
Mentor. Ao ouvir Lina dizer que "os governos passam, e nós ficamos e servimos ao país", quem conhece os bastidores da Receita imediatamente se lembrou de Alberto Amadei Neto, auditor que ela elevou a assessor especial quando virou secretária. Egresso dos quadros do Unafisco, ele continua no gabinete do sucessor, Otacílio Cartaxo.
Mulheres. Fátima Cartaxo, mulher de Otacílio e também auditora da Receita, é grande amiga de Lina, assim como Iraneth Weiler, chefe de gabinete que corroborou o relato sobre a ida da então secretária ao Planalto a pedido de Dilma.
Fumaça. Assim como o PT-SP, que votou contra a lei antifumo, a Advocacia Geral da União, comandada por José Antonio Toffoli, deu parecer pela inconstitucionalidade da iniciativa de José Serra, dentro de ação em curso no STF.
com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO
Tiroteio
Estão serrando a história da Marina. Ela vai deixar de ser seringueira para ser laranjeira.
Do deputado SILVIO COSTA (PMN-PE), da base governista, sugerindo que a provável candidatura da senadora ao Planalto será linha auxiliar do PSDB na disputa contra Dilma Rousseff.
Contraponto
Mãe Dinah Os governistas trabalhavam a toque de caixa ontem, no Conselho de Ética, para manter arquivados os 11 pedidos de investigação contra José Sarney. Vice-presidente do órgão, Gim Argello ia chamando os integrantes, um a um, e computando os votos contra e a favor da reabertura dos casos. A certa altura, o petebista exagerou na pressa: -Senador Wellington Salgado. Vota não! Sentado na terceira fileira, "Cabelo" não se conteve e brincou com o companheiro de tropa de choque: -Não sabia que Vossa Excelência lia mentes... Em seguida, confirmou o voto pró-Sarney. |
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