Coisa de louco
O GLOBO - 12/08/09
O atacante do Botafogo pode perder pênalti. Pode chutar o vento dentro da área, com a bola rasteirinha na sua frente, pedindo para ser enviada para dentro do gol. Pode repetir a furada minutos depois. O juiz pode dar um gol para o adversário feito por um jogador em impedimento. Isso e muito mais aconteceu na derrota de 1 a 0 do Botafogo para o Atlético-PR. E, depois disso e de muito mais, quem é demitido é o técnico. No caso, é o Ney Franco.
Em outros casos, pode ser o Luxemburgo, o Leão, Cuca, Parreira, Carpegiani, René Simões, Vágner Mancini, Waldemar Lemos, Geninho e até o celebrado professor Muricy Ramalho. Entre outros, é claro.
Na breve lista aí de cima, há técnicos de todos os calibres, em várias graduações de 1 a 10. De bons treinadores até autênticos brucutus. Na verdade, eles são iguais apenas numa hora — a hora da demissão.
Ou melhor, em duas: a hora da demissão e a hora da contratação. Porque, afinal de contas, com a mesma falta de critério com que são demitidos, eles são contratados também. E quem não serve para um clube, aqui, serve no dia seguinte para o clube acolá.
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Já li manchete de jornal assim: “Vanderlei Luxemburgo x Muricy Ramalho, o duelo de hoje.”
Que coisa, hein... Luxemburgo e Muricy maiores até do que o Palmeiras e o São Paulo. Coisa de louco!
Espera aí: eram mesmo Palmeiras e São Paulo? Deixem-me ver... Era sim. Foi no ano passado. Porque agora nem o professor Muricy está no São Paulo, nem o professor Luxemburgo está no Palmeiras.
Luxemburgo está... vejamos... no Santos. E Muricy está... onde mesmo?... no Palmeiras, que era de Luxemburgo.
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O Campeonato Brasileiro se caracteriza, entre outros fatos, por dias frenéticos de dança (como na “Tigresa”, do Caetano) e de contradança dos técnicos.
E apenas cinco treinadores estão em clubes da Primeira Divisão há mais de um ano, a saber, Mano Menezes (Corinthians), Tite (Inter), Hélio dos Anjos (Goiás), Silas (Avaí) e Adílson Batista (Cruzeiro).
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Apesar de toda a marra que sempre ostentou, Maradona preserva um lado humano interessante, ao contrário da maioria dos professores doutores no mundo inteiro, que têm
mais pose do que presidente dos Estados Unidos, sem brincadeira.
Maradona foi um deus do futebol, mas, curiosamente até, não se acha deus por ser técnico.
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