Uma característica marcante da eleição presidencial dos Estados Unidos no ano passado foi a insistência diária dos candidatos pedindo dinheiro. Na TV, rádio e internet, Barack Obama e John McCain quase imploravam por doações. Receberam muito. O democrata Obama, o vencedor, teve cerca de 3,5 milhões de doadores diferentes. Desses, pelos menos 2,5 milhões deram quantias inferiores a US$ 200 cada um. Como comparação, ao ser reeleito presidente em 2006, o petista Lula teve 1.319 doadores (e 1.634 doações). O tucano José Serra ganhou o governo de São Paulo com apenas 55 doadores diferentes. Os dados são oficiais, do TSE. Nesta semana, a Folha revelou que as empresas doadoras de campanha têm depositado vigorosamente nas contas bancárias dos partidos políticos. Ocultam assim os nomes dos candidatos receptores de recursos na ponta final. O TSE pretende apertar os controles. Nenhum partido considerou positiva a iniciativa da Justiça Eleitoral. Querem opacidade nas contas de campanha. Não ocorre a nenhuma agremiação política ajudar a criar uma cultura da doação financeira durante os períodos eleitorais. Trata-se de uma forma clássica de incentivar a participação dos cidadãos na vida partidária. Quem doa R$ 10 ou R$ 20 a uma legenda ou candidato fica comprometido. Cobrará responsabilidade dos eleitos. Aí está o problema. Os políticos querem distância dos eleitores interessados em cobrar promessas. Poucos -se é que ainda existe algum- tampouco teriam coragem de aparecer em público pedindo dinheiro para suas campanhas. O mais fácil é se acomodar na habitual preguiça cívica. Defender o financiamento público exclusivo e, enquanto não cola esse novo despautério, receber dinheiro camuflado por meio dos partidos políticos. |
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