quarta-feira, maio 06, 2009

BRIGA PELO CABIDE

Jobim enfrenta líderes do PMDB e apoia demissões na Infraero

FOLHA DE SÃO PAULO - 06/05/09

Ministro da Defesa diz ao presidente Lula que a direção da estatal cumpre uma regra estatutária e que recuo do governo provocaria "uma desmoralização"

Apesar de ser do PMDB, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, deu apoio ao presidente da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio, e avisou ao Palácio do Planalto que a profissionalização da empresa que administra aeroportos será mantida, pois a reversão do processo provocaria "uma desmoralização".
Além do PMDB, que pressiona o presidente Lula para manter seus apadrinhados na Infraero, também o PT tem indicações políticas na estatal. Jobim, porém, avisou ao Planalto que "esticará a corda" contra os partidos, pois a abertura de capital da Infraero -velho plano do governo- depende da profissionalização da empresa.
O desmonte dos cargos de afilhados políticos começou com base no novo estatuto da estatal, de 16 de abril. Nos últimos dias, foram fechados 28 postos -ao final, serão 97.
Na última segunda, Jobim foi surpreendido ao chegar ao Planalto para uma reunião com Lula. Na antessala do presidente estavam três caciques do PMDB: o presidente da Câmara, Michel Temer, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, e o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves, que se sentiram diretamente atingidos pelas demissões.
Conforme a 
Folha apurou, Jobim justificou a Lula que se tratava de uma "regra estatutária" e que o governo não deveria interferir, e muito menos voltar atrás. Depois que os demais foram embora, ele passou pela sala do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, e avisou que, se houvesse recuo, "seria uma desmoralização".
Já perderam o emprego Oscar Jucá e Taciana Canavarro, respectivamente, irmão e cunhada de Jucá. Nas próximas semanas, estão previstas as demissões de Mônica Azambuja, ex-mulher de Alves, e também Marcos Lomanto, irmão do ex-diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Leur Lomanto, ligado ao PMDB.
Também teriam apadrinhados na Infraero três petistas: presidente do PT, Ricardo Berzoini, o líder no Senado, Aloizio Mercadante, e o ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia.
Pelos relatos, o clima na estatal é de acusações entre apadrinhados e funcionários efetivos, que defendem as demissões.
"Alguns [apadrinhados] nem sequer apareciam para trabalhar ou, se apareciam, não faziam nada", disse o presidente da Associação Nacional de Empregados da Infraero, Carlos Guapindaia. Ontem circulou a informação de que as demissões teriam sido suspensas. A Defesa e a Infraero negaram.
Hoje os indicados políticos ocupam cargos de assessores da presidência, de cinco diretorias e de oito superintendências, além de gerências regionais. Ganham salários que variam de R$ 3.598 a R$ 13.870. A economia anual estimada com os cortes é de R$ 19,5 milhões.
(ELIANE CANTANHÊDE, ALAN GRIPP e ANDRÉA MICHAEL)

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