PODCAST Diogo Mainardi 6 de maio de 2009 |
Texto integral Luis Fernando Verissimo publicou uma nota de repúdio à viagem ao Brasil do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Certo: era só uma nota de rodapé, com 271 caracteres. Certo: o repúdio nem era propriamente dele, e sim da comunidade judaica. Certo: a nota de rodapé aparecia depois de um artigo sobre o papel higiênico, o lápis e o guarda-chuva. Mesmo assim, deve ter sido a primeira vez que Luis Fernando Verissimo contrariou publicamente Lula. E o que fez Ahmadinejad, depois de causar tanto desconforto a nosso ilustre cronista? Cancelou a viagem em cima da hora, abandonando Lula na pista do aeroporto. Até agora ninguém soube dizer o motivo do cancelamento da viagem. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, deu sinais de que está insatisfeito com algumas atitudes de Ahmadinejad. Ao contrário de Lula, que continua a cortejar abertamente o negador do Holocausto e financiador do terrorismo. Em matéria de política interna iraniana, Lula é mais radical do que Ali Khamenei. Lula já defendeu - com grande sucesso - mensaleiros e aloprados. Defender o negador do Holocausto e financiador do terrorismo teria sido seu maior desafio. Bem maior do que o da semana passada, quando ele defendeu os deputados federais que fizeram turismo com todas as despesas pagas pelos contribuintes. Dois anos atrás, Luis Fernando Verissimo viajou a Israel com todas as despesas pagas pela comunidade judaica. Pergunto: a viagem a Israel, com todas as despesas pagas pela comunidade judaica, influenciou a nota de rodapé em que Luis Fernando Verissimo repudiou a vinda de Ahmadinejad ao Brasil? Espero que sim. Espero que o investimento da comunidade judaica tenha sido proveitoso. Em alguns casos, uma viagem com todas as despesas pagas pode ajudar a consolidar certos princípios. Além de Luis Fernando Verissimo, o trem da alegria kosher incluiu outros escritores: Rubem Fonseca, Ignácio de Loyola Brandão, André Sant'Anna, Daniel Galera, Affonso Romano Santanna. Ignoro se algum deles publicou nota de repúdio à viagem de Ahmadinejad ao Brasil. O que eu sei é que eles compuseram poemas comendo falafel em Haifa. E que, retornando ao Brasil, foram narrar suas peripécias no programa de Ronnie Von, na TV Gazeta. Um dia depois de cancelar sua viagem ao Brasil, Ahmadinejad inaugurou a Feira Internacional de Livros de Teerã. Em seu discurso, ele prometeu aumentar o investimento do governo em literatura, estimulando o consumo e a produção de livros. Trata-se do mesmo governo que condenou à morte Salman Rushdie. Ahmadinejad deveria convidar os escritores brasileiros para visitar seu país, com todas as despesas pagas. Quem sabe alguns deles fizessem como Lula e topassem defender suas ideias no programa de Ronnie Von. |
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