É hora de toda a sociedade aumentar a adesão ao isolamento. Sem isto, a recuperação econômica será mais penosa para toda a Nação
Desde a eclosão da pandemia de covid-19, líderes no mundo inteiro foram instados a responder o que deveria ser prioritário no desenho das ações de enfrentamento da crise: medidas que visam à proteção da vida ou da economia? Para salvar o maior número possível de vidas, dizem quase em uníssono os especialistas, impõe-se o isolamento indistinto da população. Para resguardar a atividade econômica, este recolhimento deveria ser seletivo, ou seja, válido apenas para as pessoas que estão nos grupos de risco – idosos e pacientes com doenças crônicas como diabetes e hipertensão, entre outras comorbidades.
Os líderes mais inteligentes e responsáveis perceberam de pronto que priorizar a vida ou a economia é um falso dilema. Evidentemente, medidas de proteção da vida devem preceder todas as outras. Primeiro, por um imperativo moral, humanitário. Segundo, por uma questão pragmática: não há economia que pare de pé, em nenhum país do mundo, tendo deixado um rastro interminável de mortos. E é isto o que acontecerá se apenas determinados grupos forem isolados. Por ignorância ou má-fé, os que apostam no isolamento seletivo para mitigar os efeitos da pandemia na atividade econômica não levam em conta que, mesmo permanecendo em casa, pessoas nos grupos de risco estarão sempre expostas ao contágio pelo contato com as que foram liberadas para sair às ruas. É elementar.
O presidente Jair Bolsonaro é um dos escassos líderes mundiais que tomaram lado nesta contenda infrutífera, que, se presta para alguma coisa, é para alavancar interesses políticos. Sua opção ficou claramente conhecida por meio de declarações como “Vai morrer gente? Vai. Paciência”, “Esse vírus é igual a chuva. Vai molhar 70% de vocês. Alguns idosos vão se molhar também” e “Pessoas que estão morrendo de covid-19 já iriam morrer de outras causas”. Que tal?
Por sorte, o olhar do presidente da República sobre a pandemia não é o mesmo da esmagadora maioria da população, que fez uma clara opção pela vida. Pesquisa realizada pelo Datafolha com 1.511 brasileiros adultos que possuem telefone celular, em todas as regiões do País, revelou que 76% dos entrevistados apoiam medidas restritivas à circulação de pessoas e fechamento do comércio não essencial para evitar a disseminação do novo coronavírus, ainda que isso prejudique temporariamente a economia e leve ao aumento do desemprego. Apenas 18% dos brasileiros ouvidos pelo instituto de pesquisa disseram ser favoráveis ao relaxamento da quarentena como forma de estimular a atividade econômica, enquanto 6% não souberam ou não quiseram responder.
Entre os que defendem apenas o isolamento de pessoas que integram os grupos de risco, 43% são homens, 49% são empresários e 45% têm entre 35 e 44 anos. Não por acaso, são perfis que correspondem à base de apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Outro achado da pesquisa que merece destaque diz respeito à percepção dos trabalhadores informais e dos desempregados, estratos da sociedade que estão entre os mais atingidos pelos efeitos econômicos da pandemia. Embora o presidente Bolsonaro defenda o relaxamento da quarentena para preservar a renda “do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho”, 58% dos informais concordam que o isolamento irrestrito é fundamental para preservação da vida neste momento. O mesmo vale para 63% dos entrevistados que disseram estar procurando emprego. Importante ressaltar ainda que a rejeição a Jair Bolsonaro aumentou 10% entre os informais e 4% entre os desempregados, não obstante a defesa que o presidente faz da retomada da atividade econômica que, ao fim e ao cabo, beneficiaria os dois segmentos, ainda que sob forte risco para a saúde pública.
Como se vê, é inequívoco o respaldo social à quarentena. Para a maioria dos cidadãos, está claro que o abalo na economia é certo, seja durante, seja após a pandemia de covid-19, mas a economia pode ser recuperada, vidas, não. É hora de toda a sociedade se engajar ainda mais nas ações de resguardo da saúde pública, o que implica aumentar a adesão ao isolamento. Sem isso, a recuperação econômica será mais penosa para toda a Nação.
Desde a eclosão da pandemia de covid-19, líderes no mundo inteiro foram instados a responder o que deveria ser prioritário no desenho das ações de enfrentamento da crise: medidas que visam à proteção da vida ou da economia? Para salvar o maior número possível de vidas, dizem quase em uníssono os especialistas, impõe-se o isolamento indistinto da população. Para resguardar a atividade econômica, este recolhimento deveria ser seletivo, ou seja, válido apenas para as pessoas que estão nos grupos de risco – idosos e pacientes com doenças crônicas como diabetes e hipertensão, entre outras comorbidades.
Os líderes mais inteligentes e responsáveis perceberam de pronto que priorizar a vida ou a economia é um falso dilema. Evidentemente, medidas de proteção da vida devem preceder todas as outras. Primeiro, por um imperativo moral, humanitário. Segundo, por uma questão pragmática: não há economia que pare de pé, em nenhum país do mundo, tendo deixado um rastro interminável de mortos. E é isto o que acontecerá se apenas determinados grupos forem isolados. Por ignorância ou má-fé, os que apostam no isolamento seletivo para mitigar os efeitos da pandemia na atividade econômica não levam em conta que, mesmo permanecendo em casa, pessoas nos grupos de risco estarão sempre expostas ao contágio pelo contato com as que foram liberadas para sair às ruas. É elementar.
O presidente Jair Bolsonaro é um dos escassos líderes mundiais que tomaram lado nesta contenda infrutífera, que, se presta para alguma coisa, é para alavancar interesses políticos. Sua opção ficou claramente conhecida por meio de declarações como “Vai morrer gente? Vai. Paciência”, “Esse vírus é igual a chuva. Vai molhar 70% de vocês. Alguns idosos vão se molhar também” e “Pessoas que estão morrendo de covid-19 já iriam morrer de outras causas”. Que tal?
Por sorte, o olhar do presidente da República sobre a pandemia não é o mesmo da esmagadora maioria da população, que fez uma clara opção pela vida. Pesquisa realizada pelo Datafolha com 1.511 brasileiros adultos que possuem telefone celular, em todas as regiões do País, revelou que 76% dos entrevistados apoiam medidas restritivas à circulação de pessoas e fechamento do comércio não essencial para evitar a disseminação do novo coronavírus, ainda que isso prejudique temporariamente a economia e leve ao aumento do desemprego. Apenas 18% dos brasileiros ouvidos pelo instituto de pesquisa disseram ser favoráveis ao relaxamento da quarentena como forma de estimular a atividade econômica, enquanto 6% não souberam ou não quiseram responder.
Entre os que defendem apenas o isolamento de pessoas que integram os grupos de risco, 43% são homens, 49% são empresários e 45% têm entre 35 e 44 anos. Não por acaso, são perfis que correspondem à base de apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Outro achado da pesquisa que merece destaque diz respeito à percepção dos trabalhadores informais e dos desempregados, estratos da sociedade que estão entre os mais atingidos pelos efeitos econômicos da pandemia. Embora o presidente Bolsonaro defenda o relaxamento da quarentena para preservar a renda “do camelô, do ambulante, do vendedor de churrasquinho”, 58% dos informais concordam que o isolamento irrestrito é fundamental para preservação da vida neste momento. O mesmo vale para 63% dos entrevistados que disseram estar procurando emprego. Importante ressaltar ainda que a rejeição a Jair Bolsonaro aumentou 10% entre os informais e 4% entre os desempregados, não obstante a defesa que o presidente faz da retomada da atividade econômica que, ao fim e ao cabo, beneficiaria os dois segmentos, ainda que sob forte risco para a saúde pública.
Como se vê, é inequívoco o respaldo social à quarentena. Para a maioria dos cidadãos, está claro que o abalo na economia é certo, seja durante, seja após a pandemia de covid-19, mas a economia pode ser recuperada, vidas, não. É hora de toda a sociedade se engajar ainda mais nas ações de resguardo da saúde pública, o que implica aumentar a adesão ao isolamento. Sem isso, a recuperação econômica será mais penosa para toda a Nação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário