O ESTADO DE S.PAULO - 08/03
Em meio à gravíssima crise política, econômica, institucional e moral que o País atravessa, o governo começou a preparar a 13.ª rodada de leilão de exploração de petróleo, a ser realizada no segundo semestre do ano. Para prosperarem, decisões de investimento precisam de um ambiente econômico e político estável, segurança de regras sólidas e confiança no presente e no futuro - condições que o Brasil está longe de oferecer a quem planeja trazer e aplicar seu dinheiro nos próximos cinco, seis anos, até encontrar, extrair e explorar nosso petróleo. É certo que, ao decidirem investir, as empresas com potencial de participar da rodada não enxergam só o presente imediato, estão de olho também no futuro do negócio, se será ou não compensador e lucrativo. Além disso, a crise não pode paralisar o País. Portanto, é positiva a preparação desta 13.ª rodada. A dúvida é se ela terá sucesso.
Uma decisão já está tomada: nesta rodada não serão leiloadas áreas de regiões do pré-sal, justamente as mais atraentes - embora o elevado custo de produção, aliado à queda de 50% no preço internacional, torne hoje o petróleo do pré-sal um negócio de rentabilidade duvidosa. Mas o motivo da exclusão é outro, é decorrente da decisão errada (mais uma entre tantas) e anacrônica da presidente Dilma de fazer da Petrobrás a única empresa operadora da extensa área do pré-sal, com a obrigação de entrar com um mínimo de 30% do dinheiro investido em cada poço. Rebaixada na classificação de risco, com uma dívida gigante para pagar, o caixa vazio, sem crédito e vivendo a pior crise financeira da história de seus 61 anos, a Petrobrás simplesmente não tem dinheiro para investir no pré-sal e possivelmente não terá também para as outras áreas que forem selecionadas para o leilão desta rodada.
A ausência da Petrobrás é um fator desestimulante, com potencial para retrair a participação de grandes empresas - que têm preferido atuar em parceria com ela - com cacife para bancar investimentos caros nas áreas mais promissoras. Não foi por falta de aviso. Quando definiu as regras do pré-sal e obrigou a Petrobrás a atuar como única empresa operadora, Dilma foi avisada por todos - empresários, técnicos, especialistas e a própria direção da Petrobrás - de que essa regra iria sobrecarregar a estatal de forma insuportável e causaria atrasos danosos à exploração de óleo. Isolada e teimosa, Dilma não ouviu ninguém e, agora - como foi com a inflação, a energia elétrica, os combustíveis, o descontrole de gastos públicos, tudo o que levou à recessão, o comércio exterior, etc., etc. -, aos brasileiros cabe pagar a conta da desastrada insensatez. Deixar o petróleo no fundo do mar ou debaixo da terra significa não gerar renda nem empregos e emperrar o desenvolvimento do País.
O que será da 13.ª rodada sem a Petrobrás? O ministro Eduardo Braga responde que ela "poderá participar, mas desta vez não estará obrigatoriamente envolvida, como nos leilões do pré-sal". É verdade. Mas a dúvida é se ela terá dinheiro para arrematar áreas e pagar taxas caras cobradas após o leilão. Lula loteou a diretoria entre partidos políticos, abrindo portas à corrupção; Dilma estrangulou sua capacidade financeira e, no final de 12 anos, a Petrobrás vai à lona de forma humilhante.
Para tentar sobreviver em 2015, ela vai cortar até R$ 30 bilhões de investimentos (só de sondas de perfuração vai cancelar metade das 28 encomendadas), vender US$ 13,7 bilhões de ativos (a privatização desesperada à moda petista), vai tentar captar outros US$ 19 bilhões no mercado internacional (sabe-se lá a que custo de juros, depois que perdeu o grau de investimento) e tudo indica que receberá socorro financeiro de bancos estatais brasileiros. O que, evidentemente, vai expandir ainda mais sua enorme dívida. Só para pagar a dívida de curto prazo, ela terá de desembolsar US$ 14 bilhões em 2015 (61% a mais em relação a 2014) e US$ 20 bilhões em 2016.
É isso o que as gestões do PT - com o falso discurso de condenar privatizações e defender estatais - fizeram com a Petrobrás.
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