Política econômica não muda após eleição presidencial
Há poucas dúvidas entre auxiliares da presidente Dilma Rousseff de que o ministro da Fazenda num eventual segundo mandato continuará sendo a própria Dilma Rousseff. Guido Mantega dará lugar a alguém que possa reconquistar alguma credibilidade junto a empresários e investidores, mas as decisões importantes continuarão sendo exclusividade do Palácio do Planalto.
Esse arranjo significa que um eventual segundo mandato petista continuará estimulando o consumo, financiando a política industrial e gastando na área social. "Não tem volta atrás", é a descrição ouvida no QG da campanha petista.
A grande mudança esperada por quem acompanha os planos políticos da presidente é mais agressividade nas concessões. A presidente Dilma teria se convencido de que o modelo dá resultados mais rápidos e melhores que o investimento público direto. O exemplo da modernização dos aeroportos é citado com frequência.
Questões como o represamento de preços administrados, convergência da inflação para a meta de 4,5% ao ano, futuro da taxa de juros ou desempenho fiscal são tidas como conjunturais e vão esperar pelo calendário político. As certezas no momento são de que não haverá um "tarifaço" em 2015 ou após as eleições e que o custo de trazer a inflação para a meta num prazo curto é muito alto e socialmente injusto. Ajustes devem ocorrer, mas não no ritmo esperado pelo mercado e não mudarão o rumo da política econômica.
Aliás, sobre esse assunto, o governo tem tido uma única voz. Interlocutores da equipe econômica em conversas com investidores têm reforçado a percepção de que a inflação não caminhará a passos rápidos para os 4,5% ao ano. Mesmo reconhecendo que os índices atuais, na casa de 6,5% ao ano, são desconfortáveis, o Banco Central e o Ministério da Fazenda têm insistido que uma convergência rápida da inflação exigiria um sacrifício econômico desproporcional e não seria aceito por um eleitor que quer manter emprego e renda.
A estratégia de ajustes lentos na economia durante um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff parte da convicção de que o colapso nos indicadores de confiança é parte do processo eleitoral e não um problema estrutural. Definido o vencedor das eleições presidenciais, acredita-se que o empresariado terá que trabalhar com o novo governo e, sendo reeleita, Dilma Rousseff terá o benefício da dúvida e um voto de confiança para começar a trabalhar.
A última pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que os empresários estão pessimistas. O índice de confiança da indústria de junho foi de 87,2 pontos, o menor valor desde maio de 2009 quando havia alcançado 86,4 pontos. Se forem analisados os diferentes setores da indústria, é entre os fabricantes de bens de capitais onde a expectativa de piora no futuro é maior.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer participar mais ativamente das articulações de um novo governo do que fez no primeiro mandato. O grau de influência de Lula pode suavizar a política econômica de Dilma Rousseff, mas é preciso lembrar que o ex-presidente nunca foi contra o crescimento do mercado interno, aumento do crédito ou dos salários e dificilmente será um opositor agora.
Há clareza entre a equipe que coordena a campanha à reeleição de que uma deterioração econômica nos próximos meses é o principal e o maior risco ao segundo mandato. O outro consenso que se formou é que não há mais o que o governo possa fazer para mudar o cenário econômico até as eleições e será preciso convencer o eleitor com os indicadores que estão aí.
Os recentes pacotes de ajuda ao mercado de capitais, manutenção do IPI reduzido para automóveis, melhores condições para o pagamento de dívidas tributárias, crédito a exportadores e estímulo ao setor de máquinas e equipamentos têm como objetivo quase exclusivo não piorar o que já não anda bem e sinalizar ao setor privado que a política de desonerações e crédito subsidiado será mantida.
A campanha petista monitora dois indicadores econômicos quase que em tempo real: a inflação de alimentos e o mercado de trabalho. O indicador do IPCA cheio, que esta semana ultrapassou a meta chegando a 6,52% ao ano, tem importância relativa. Para o cenário eleitoral, só não pode chegar ao fim de outubro ainda acima do teto oficial.
Já a inflação de alimentos é considerada um indicador-chave. As pesquisas de opinião mostram que o assunto é sensível. Em junho a pesquisa CNI-Ibope mostrou que 71% dos eleitores ouvidos reprovaram a política de combate à inflação do governo.
Os analistas políticos da presidente apostam que o eleitorado insatisfeito com a inflação já começou a sentir no bolso a queda no preço de alimentos, efeito que se ampliará nos próximos meses na visão oficial. Os dados do IBGE mostram recuo na inflação de alimentos. Em junho, o IPCA registrou deflação de 0,11%. No primeiro semestre de 2013, o grupo alimentos e bebidas subiu 6% e neste ano, 5% no mesmo período.
O discurso econômico preparado para a campanha insistirá nos custos do ajuste proposto pela oposição. Sempre que a inflação for tema, a presidente Dilma está sendo aconselhada a dizer que um ajuste rápido exigirá cortes de salários. Se a discussão for crescimento da economia, deve lembrar dos 11 milhões de empregos que o Brasil criou desde o início da crise internacional e prometer preservar os salários.
Os nomes citados na campanha petista para o Ministério da Fazenda continuam sendo o presidente do BC, Alexandre Tombini, e do atual secretário-executivo, Paulo Caffareli. A grande dúvida é o que a presidente Dilma Rousseff reserva para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, em quem deposita 101% de confiança. Ele sai da Fazenda, mas não há quem afirme com tanta certeza que se afaste definitivamente do governo ou perca influência.
Há poucas dúvidas entre auxiliares da presidente Dilma Rousseff de que o ministro da Fazenda num eventual segundo mandato continuará sendo a própria Dilma Rousseff. Guido Mantega dará lugar a alguém que possa reconquistar alguma credibilidade junto a empresários e investidores, mas as decisões importantes continuarão sendo exclusividade do Palácio do Planalto.
Esse arranjo significa que um eventual segundo mandato petista continuará estimulando o consumo, financiando a política industrial e gastando na área social. "Não tem volta atrás", é a descrição ouvida no QG da campanha petista.
A grande mudança esperada por quem acompanha os planos políticos da presidente é mais agressividade nas concessões. A presidente Dilma teria se convencido de que o modelo dá resultados mais rápidos e melhores que o investimento público direto. O exemplo da modernização dos aeroportos é citado com frequência.
Questões como o represamento de preços administrados, convergência da inflação para a meta de 4,5% ao ano, futuro da taxa de juros ou desempenho fiscal são tidas como conjunturais e vão esperar pelo calendário político. As certezas no momento são de que não haverá um "tarifaço" em 2015 ou após as eleições e que o custo de trazer a inflação para a meta num prazo curto é muito alto e socialmente injusto. Ajustes devem ocorrer, mas não no ritmo esperado pelo mercado e não mudarão o rumo da política econômica.
Aliás, sobre esse assunto, o governo tem tido uma única voz. Interlocutores da equipe econômica em conversas com investidores têm reforçado a percepção de que a inflação não caminhará a passos rápidos para os 4,5% ao ano. Mesmo reconhecendo que os índices atuais, na casa de 6,5% ao ano, são desconfortáveis, o Banco Central e o Ministério da Fazenda têm insistido que uma convergência rápida da inflação exigiria um sacrifício econômico desproporcional e não seria aceito por um eleitor que quer manter emprego e renda.
A estratégia de ajustes lentos na economia durante um segundo mandato da presidente Dilma Rousseff parte da convicção de que o colapso nos indicadores de confiança é parte do processo eleitoral e não um problema estrutural. Definido o vencedor das eleições presidenciais, acredita-se que o empresariado terá que trabalhar com o novo governo e, sendo reeleita, Dilma Rousseff terá o benefício da dúvida e um voto de confiança para começar a trabalhar.
A última pesquisa divulgada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que os empresários estão pessimistas. O índice de confiança da indústria de junho foi de 87,2 pontos, o menor valor desde maio de 2009 quando havia alcançado 86,4 pontos. Se forem analisados os diferentes setores da indústria, é entre os fabricantes de bens de capitais onde a expectativa de piora no futuro é maior.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer participar mais ativamente das articulações de um novo governo do que fez no primeiro mandato. O grau de influência de Lula pode suavizar a política econômica de Dilma Rousseff, mas é preciso lembrar que o ex-presidente nunca foi contra o crescimento do mercado interno, aumento do crédito ou dos salários e dificilmente será um opositor agora.
Há clareza entre a equipe que coordena a campanha à reeleição de que uma deterioração econômica nos próximos meses é o principal e o maior risco ao segundo mandato. O outro consenso que se formou é que não há mais o que o governo possa fazer para mudar o cenário econômico até as eleições e será preciso convencer o eleitor com os indicadores que estão aí.
Os recentes pacotes de ajuda ao mercado de capitais, manutenção do IPI reduzido para automóveis, melhores condições para o pagamento de dívidas tributárias, crédito a exportadores e estímulo ao setor de máquinas e equipamentos têm como objetivo quase exclusivo não piorar o que já não anda bem e sinalizar ao setor privado que a política de desonerações e crédito subsidiado será mantida.
A campanha petista monitora dois indicadores econômicos quase que em tempo real: a inflação de alimentos e o mercado de trabalho. O indicador do IPCA cheio, que esta semana ultrapassou a meta chegando a 6,52% ao ano, tem importância relativa. Para o cenário eleitoral, só não pode chegar ao fim de outubro ainda acima do teto oficial.
Já a inflação de alimentos é considerada um indicador-chave. As pesquisas de opinião mostram que o assunto é sensível. Em junho a pesquisa CNI-Ibope mostrou que 71% dos eleitores ouvidos reprovaram a política de combate à inflação do governo.
Os analistas políticos da presidente apostam que o eleitorado insatisfeito com a inflação já começou a sentir no bolso a queda no preço de alimentos, efeito que se ampliará nos próximos meses na visão oficial. Os dados do IBGE mostram recuo na inflação de alimentos. Em junho, o IPCA registrou deflação de 0,11%. No primeiro semestre de 2013, o grupo alimentos e bebidas subiu 6% e neste ano, 5% no mesmo período.
O discurso econômico preparado para a campanha insistirá nos custos do ajuste proposto pela oposição. Sempre que a inflação for tema, a presidente Dilma está sendo aconselhada a dizer que um ajuste rápido exigirá cortes de salários. Se a discussão for crescimento da economia, deve lembrar dos 11 milhões de empregos que o Brasil criou desde o início da crise internacional e prometer preservar os salários.
Os nomes citados na campanha petista para o Ministério da Fazenda continuam sendo o presidente do BC, Alexandre Tombini, e do atual secretário-executivo, Paulo Caffareli. A grande dúvida é o que a presidente Dilma Rousseff reserva para o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, em quem deposita 101% de confiança. Ele sai da Fazenda, mas não há quem afirme com tanta certeza que se afaste definitivamente do governo ou perca influência.
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