terça-feira, julho 15, 2014

A hora e a vez da outra Copa - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE

CORREIO BRAZILIENSE - 15/07
Copa do Mundo de 2014 sagrou a Alemanha tetracampeã e deixou a Seleção Canarinho em humilhante 4° lugar. O adjetivo se deve não à classificação, mas ao desempenho abaixo do aceitável nos dois confrontos finais. As goleadas - 7x1 e 3x0 - mostraram a fragilidade, o despreparo e a falta de sintonia do time com a modernidade, que valoriza a equipe em vez de talentos individuais.
Embora não tenha correspondido às expectativas na disputa por gols, o país brilhou fora do campo. Os brasileiros receberam os milhares de turistas com a reconhecida hospitalidade nacional. Mesmo os adversários tradicionais - como a arquirrival Argentina, cujos torcedores invadiram o Rio no fim de semana - não têm do que reclamar. Vale lembrar: na partida contra os alemães no Mineirão, brasileiros se esqueceram da dor e aplaudiram o belo desempenho da seleção comandada por Philipp Lahm.

A maturidade demonstrada no Mundial de Futebol desperta expectativa para as próximas eleições. Em outubro, os brasileiros vão às urnas escolher o presidente da República, senadores e deputados. É a oportunidade de exercer a cidadania para fazer escolhas aptas a atender as expectativas da sociedade. O tempo constitui indicador importante. O fim do regime militar está prestes a completar 30 anos. A Constituição Cidadã já completou 26. Trata-se da 7a eleição presidencial livre e sem crise institucional desde 1988.

Nada menos de 56 milhões do eleitorado têm até 35 anos. Muitos, que vão votar pela 1a vez, não conheceram a ditadura - censura, tortura, luta armada, invasão de universidades, fechamento do Congresso. Os 141,5 milhões de cidadãos não constituem um bloco uniforme. Ao contrário. Como é natural numa democracia, que permite a livre expressão do pensamento, formam um país dividido. Entre eles, há conservadores e vanguardistas.

Uns e outros convivem com conquistas irreversíveis. No século 21, a sociedade é includente, livre, avessa à discriminação de qualquer natureza (negro, mulher, índio, homossexual), contrária à corrupção, consciente de que não existem salvadores da pátria. Graças à inclusão social, à crescente inserção no processo político e às redes sociais, o brasileiro exige participação ativa. As manifestações de um ano atrás deram recado claro: o brasileiro não quer ser turista no país dele.

A campanha está nas ruas. Em pouco mais de um mês, começa o programa eleitoral gratuito. É importante que os partidos e os respectivos candidatos saibam ler o tempo - interpretar e antecipar as demandas da sociedade: transparência, verdade, competência, sintonia com o moderno. Palavras ocas, promessas vazias, maravilhas de marqueteiros fazem parte de um Brasil velho, de uma democracia sem povo.

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