CORREIO BRAZILIENSE - 20/04
O rebaixamento do Brasil de BBB para BBB- (mas com viés de estável) foi extremamente generoso. O nosso caso é muito mais grave do que se pensa. Se os governantes brasileiros - ao que parece, "bolivarianos" - continuarem a tratar tão primariamente a economia do país, como acontece na Venezuela e na Argentina, em menos de 18 meses estaremos em situação crítica.
O modelo econômico idealizado pela dupla Dilma/Mantega está completamente falido. Depois de desestruturar as matrizes elétricas (Eletrobras e Petrobras), estamos praticando ativamente o controle de preços fundamentais da economia: o da energia elétrica, o dos combustíveis fósseis e os das tarifas de transporte. Se não estivessem garroteados, a nossa inflação estaria girando a 8% ao ano, numa espiral de alta. Enquanto os preços livres giram a 6%, os administrados correm a 2%. Os efeitos danosos são inúmeros, porém três são os mais deletérios.
Em primeiro lugar vem o efeito do aumento do deficit público, por bancar o "congelamento" (subsídio governamental), comprometendo o caixa do Tesouro, o BNDES, o BB e a geração de recursos próprios pelo sistema elétrico e a Petrobras, cada vez mais endividada e sem poder de investimento.
O segundo efeito é que tais preços entram no custo de quase todos os preços da economia. Energia elétrica, combustíveis e transportes são insumos universais que entram na composição dos preços relativos (que foram alinhados pela URV e pelo Plano Real). A política econômica de Dilma é irracional, mas ela e seus áulicos acreditam que estão certos e persistem no erro.
O terceiro efeito danoso é que um dia esses preços vão subir, ou melhor, cair na realidade, ou a economia entrará em transe, como na Venezuela e na Argentina, onde o mesmo receituário foi aplicado à risca: controle de preços; uso da máquina pública e das estatais para programas sociais de estímulo ao consumo (gerando inflação, queda do investimento, fuga de capitais e desabastecimento).
Vale dizer: a continuar assim, caminhamos a passos largos para a desorganização da economia nacional. Para acabar com essa descida ao inferno, será preciso aumentar os preços da energia em 28% e os dos combustíveis em 30% e liberar as tarifas de transportes, o que provocaria, num primeiro momento, um aumento generalizado de preços (realinhamento inevitável), mas que obrigaria de imediato os consumidores (pessoas jurídicas e privadas) ao uso comedido da energia e dos combustíveis (autocontrole e inovações para economizar), devolvendo aos sistemas elétrico, de petróleo e gás capacidade de investimento, além de ressuscitar o etanol, enterrado pelo preço controlado da gasolina.
Sob a desculpa de que isso provocaria retração e queda no emprego e na renda, o governo prossegue no rumo errado. Mas lá na frente será pior. Ao invés de retração, haverá recessão. Ao revés de queda no emprego, haverá desemprego em massa, perda de crédito, queima das reservas cambiais e descrédito internacional. Tudo indica que o governo, primeiro, quer ganhar as eleições. Mas aumentará os preços administrados logo, sob pena de sofrer novos rebaixamentos. Não serão os aumentos suficientes, serão paulatinos. O governo age não por vontade própria, mas empurrado pelas análises do FMI, do Banco Mundial, da OMC e das agências de risco. Tudo à meia boca, de olho nas eleições.
O fraco desempenho das exportações brasileiras, com impacto no saldo comercial de 2014, evidencia o isolamento do país no comércio global. O Brasil vendia muito petróleo para os americanos, mas tivemos problemas com a produção, ao mesmo tempo em que eles aumentaram a exploração do gás de xisto. Os europeus, por causa da crise, tomaram outros mercados e conseguiram espaço no Brasil.
Para a Argentina, vão 50% dos nossos produtos manufaturados e 87% dos nossos automóveis exportados. O país vizinho está em crise cambial e a situação é péssima, sem conserto. Depois da tempestade de 2013, vem a falta de ar em 2014! O jeito é ouvir um tango, enquanto Dilma pensa em sua reeleição. Conseguirá? Depende de nós.
A grande indagação é: se Dilma for reeleita, mudará a receita econômica que está nos levando ao caos? Marco Aurélio Garcia, conselheiro da presidente, disse que a Venezuela passa por uma "crise de crescimento" (a indústria não deu conta do aumento da renda). Omitiu que 50% das fábricas fecharam. Mantega disse que a recuperação da Europa e dos EUA nos trará a bonança. É um vendedor de ilusões. Eles estão é entrando em nossos mercados, pois não temos competitividade, tamanho o sufoco tributário e os "gastos sociais" do governo, perdulário e populista. Pelas demonstrações de seus funcionários e assessores mais graduados, é possível medir o pensamento da atual presidente do Brasil. A vitória de Dilma fará o Brasil enfrentar sua primeira crise estrutural do século 21.
O modelo econômico idealizado pela dupla Dilma/Mantega está completamente falido. Depois de desestruturar as matrizes elétricas (Eletrobras e Petrobras), estamos praticando ativamente o controle de preços fundamentais da economia: o da energia elétrica, o dos combustíveis fósseis e os das tarifas de transporte. Se não estivessem garroteados, a nossa inflação estaria girando a 8% ao ano, numa espiral de alta. Enquanto os preços livres giram a 6%, os administrados correm a 2%. Os efeitos danosos são inúmeros, porém três são os mais deletérios.
Em primeiro lugar vem o efeito do aumento do deficit público, por bancar o "congelamento" (subsídio governamental), comprometendo o caixa do Tesouro, o BNDES, o BB e a geração de recursos próprios pelo sistema elétrico e a Petrobras, cada vez mais endividada e sem poder de investimento.
O segundo efeito é que tais preços entram no custo de quase todos os preços da economia. Energia elétrica, combustíveis e transportes são insumos universais que entram na composição dos preços relativos (que foram alinhados pela URV e pelo Plano Real). A política econômica de Dilma é irracional, mas ela e seus áulicos acreditam que estão certos e persistem no erro.
O terceiro efeito danoso é que um dia esses preços vão subir, ou melhor, cair na realidade, ou a economia entrará em transe, como na Venezuela e na Argentina, onde o mesmo receituário foi aplicado à risca: controle de preços; uso da máquina pública e das estatais para programas sociais de estímulo ao consumo (gerando inflação, queda do investimento, fuga de capitais e desabastecimento).
Vale dizer: a continuar assim, caminhamos a passos largos para a desorganização da economia nacional. Para acabar com essa descida ao inferno, será preciso aumentar os preços da energia em 28% e os dos combustíveis em 30% e liberar as tarifas de transportes, o que provocaria, num primeiro momento, um aumento generalizado de preços (realinhamento inevitável), mas que obrigaria de imediato os consumidores (pessoas jurídicas e privadas) ao uso comedido da energia e dos combustíveis (autocontrole e inovações para economizar), devolvendo aos sistemas elétrico, de petróleo e gás capacidade de investimento, além de ressuscitar o etanol, enterrado pelo preço controlado da gasolina.
Sob a desculpa de que isso provocaria retração e queda no emprego e na renda, o governo prossegue no rumo errado. Mas lá na frente será pior. Ao invés de retração, haverá recessão. Ao revés de queda no emprego, haverá desemprego em massa, perda de crédito, queima das reservas cambiais e descrédito internacional. Tudo indica que o governo, primeiro, quer ganhar as eleições. Mas aumentará os preços administrados logo, sob pena de sofrer novos rebaixamentos. Não serão os aumentos suficientes, serão paulatinos. O governo age não por vontade própria, mas empurrado pelas análises do FMI, do Banco Mundial, da OMC e das agências de risco. Tudo à meia boca, de olho nas eleições.
O fraco desempenho das exportações brasileiras, com impacto no saldo comercial de 2014, evidencia o isolamento do país no comércio global. O Brasil vendia muito petróleo para os americanos, mas tivemos problemas com a produção, ao mesmo tempo em que eles aumentaram a exploração do gás de xisto. Os europeus, por causa da crise, tomaram outros mercados e conseguiram espaço no Brasil.
Para a Argentina, vão 50% dos nossos produtos manufaturados e 87% dos nossos automóveis exportados. O país vizinho está em crise cambial e a situação é péssima, sem conserto. Depois da tempestade de 2013, vem a falta de ar em 2014! O jeito é ouvir um tango, enquanto Dilma pensa em sua reeleição. Conseguirá? Depende de nós.
A grande indagação é: se Dilma for reeleita, mudará a receita econômica que está nos levando ao caos? Marco Aurélio Garcia, conselheiro da presidente, disse que a Venezuela passa por uma "crise de crescimento" (a indústria não deu conta do aumento da renda). Omitiu que 50% das fábricas fecharam. Mantega disse que a recuperação da Europa e dos EUA nos trará a bonança. É um vendedor de ilusões. Eles estão é entrando em nossos mercados, pois não temos competitividade, tamanho o sufoco tributário e os "gastos sociais" do governo, perdulário e populista. Pelas demonstrações de seus funcionários e assessores mais graduados, é possível medir o pensamento da atual presidente do Brasil. A vitória de Dilma fará o Brasil enfrentar sua primeira crise estrutural do século 21.
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