O GLOBO - 26/02
A grande expectativa da semana não é nem com a reunião do Copom que termina hoje. A maioria prevê uma alta de 0,25% na taxa Selic. A dúvida é o que o IBGE divulgará amanhã sobre o PIB de 2013. No ano, há consenso em torno de 2%. Mas a pergunta que se faz é: o que aconteceu no último trimestre? A FGV acha que não se pode descartar um número negativo.
O Banco Central registrou um trimestre negativo no IBC-Br e, como era o segundo consecutivo, foi uma indicação de recessão técnica. Pelo IBGE, o terceiro trimestre foi de queda: -0,5%. No entanto, a maioria do mercado acha que o instituto não confirmará outra retração no quarto trimestre. A FGV está prevendo um resultado positivo, mas bem pequeno: 0,1%.
- Há uma margem de erro que pode levar esse resultado ao negativo e isso caracterizaria uma recessão técnica, mas o IBGE faz uma pesquisa muito mais ampla e por isso ninguém sabe exatamente o resultado. O fato é que este final de ano foi de estagnação e nós estávamos muito mais otimistas tempos atrás - diz a economista Silvia Matos.
Na segunda-feira, o Instituto Brasileiro de Economia, o Ibre da FGV, revisou para baixo, de 0,3% para 0,1%, sua projeção para o desempenho do último trimestre de 2013. Mas, meses atrás, a estimativa era de alta de 0,8%:
- Fomos nos decepcionando porque a indústria extrativa teve um resultado fortemente negativo, entre outras razões, pela queda de produção da Petrobras. A indústria de transformação, apesar da ajuda do governo, teve um resultado positivo, mas pequeno. Os serviços devem ficar mais fracos do que o previsto. A agropecuária teve um crescimento de mais de 7%, mas tem pequeno impacto no PIB. Ainda assim, sabemos que, indiretamente, uma boa safra aumenta o transporte de grãos, movimenta mais caminhões, ajuda na exportação. Em resumo, estamos prevendo que o crescimento de 2013 foi de 2,1% e, desse resultado, 0,6 ponto percentual é da agricultura.
Para 2014, a FGV está na banda otimista do mercado: prevendo um crescimento de 1,8%. A mediana divulgada pelo Focus esta semana foi de 1,67%. Há muita gente no mercado falando em 1,5% e há até pessimistas projetando números abaixo de 1%. Silvia Matos acha que o mais provável é um número acima de 1,5%.
A indústria extrativa deve melhorar, segundo ela, apesar de não acreditar muito na promessa de aumento forte da produção de petróleo:
- Há muito tempo a Petrobras tem essa conversa de que as novas plataformas vão aumentar a produção. O problema são os poços antigos que estão produzindo menos. Mesmo assim, depois de uma queda de 3,2%, a indústria extrativa mineral deve ter alta de 1% em 2014. A indústria de transformação, com todo o incentivo, ficou em 1,7% em 2013. Em 2014, terá menos incentivo. A agricultura continua com boas perspectivas apesar da falta de chuvas. Não há notícia de quebra de safra.
Pelos cálculos da FGV, o carregamento estatístico é positivo, em torno de 1%, ao contrário das contas de muita gente do mercado. O que todos esses números contam é que 2013 ficará ligeiramente acima de 2%, mas, em 2014, quem está otimista está prevendo 1,8% e, mesmo assim, com as barbas de molho.
- Fizemos todas as contas e chegamos nesse número para 2014, mas há muito risco para baixo. Já a inflação acho que há muito risco de alta - diz Silvia Matos.
Diante desse quadro é que os integrantes do Copom vão se reunir hoje para definir a taxa de juros. O crescimento do ano passado foi minguando no final, e 2014 começou fraco. Há vários riscos de alta de inflação e de PIB fraco. Os juros já estão altos. É por isso que o mercado prevê que o BC suba os juros, sim, mas reduzindo o ritmo do aperto monetário. Uma alta de 0,25%, levando a taxa para 10,75%.
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