CORREIO BRAZILIENSE - 26/02
Convicções ou simpatias ideológicas jamais poderiam se sobrepor à defesa inconteste dos direitos humanos, valores universais talhados na Constituição de qualquer nação democrática. E isso vale tanto em relação a cortejar o líder cubano Fidel Castro como se fosse um semideus, quanto a imiscuir-se de condenar violações às liberdades individuais cometidas por um regime que construiu a reputação sobre o "socialismo do século 21", modelo fadado à falência socioeconômica. Preferir o silêncio significa, de certa forma, aquiescer ante prisões arbitrárias, repressões a protestos e implantação de política do terror. No afã desesperado de garantir a manutenção do poder ou resguardar a soberania em uma diplomacia de meias-palavras, governantes endurecem, perdem a ternura e a razão.
O governo brasileiro deixou claro que o que acontece na Venezuela é da conta dos venezuelanos. Apesar do assassinato de 15 manifestantes, da expulsão de jornalistas, da invasão a partidos políticos e do uso de armas de fogo contra estudantes. O que acontece na Venezuela remete, em parte, aos anos de chumbo do Brasil. A revolução bolivariana de Hugo Chávez - adotada por força do destino por Nicolás Maduro - foi moldada sobre a base do militarismo. Qualquer semelhança com o que a presidente Dilma Rousseff enfrentou nos porões da ditadura pode não ser simples coincidência. A experiência na masmorra da intolerância deveria cobrar de nossa presidente postura mais incisiva sobre o que ocorre no vizinho do norte.
Ao negar a repressão na Venezuela, o Brasil põe em xeque sua posição de liderança na América do Sul. Um verdadeiro líder regional não pode fazer vista grossa para o que ocorre ao seu redor. Precisa, no mínimo, manter posição sobre princípios que lhe são condenáveis ou abusivos. Ter atitude. O problema é que nosso governo não desfruta de reserva moral suficiente para fazer a cobrança. Quando nossos estudantes foram às ruas, também acabaram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes. A presidente ameaçou acionar o Exército para impor a ordem - ou calar os ativistas - durante a Copa do Mundo. Irmãos em posição ideológica, Brasil e Venezuela também parecem concordar que, sob a ameaça de contestação política, o melhor a fazer é descer o sarrafo.
O governo brasileiro deixou claro que o que acontece na Venezuela é da conta dos venezuelanos. Apesar do assassinato de 15 manifestantes, da expulsão de jornalistas, da invasão a partidos políticos e do uso de armas de fogo contra estudantes. O que acontece na Venezuela remete, em parte, aos anos de chumbo do Brasil. A revolução bolivariana de Hugo Chávez - adotada por força do destino por Nicolás Maduro - foi moldada sobre a base do militarismo. Qualquer semelhança com o que a presidente Dilma Rousseff enfrentou nos porões da ditadura pode não ser simples coincidência. A experiência na masmorra da intolerância deveria cobrar de nossa presidente postura mais incisiva sobre o que ocorre no vizinho do norte.
Ao negar a repressão na Venezuela, o Brasil põe em xeque sua posição de liderança na América do Sul. Um verdadeiro líder regional não pode fazer vista grossa para o que ocorre ao seu redor. Precisa, no mínimo, manter posição sobre princípios que lhe são condenáveis ou abusivos. Ter atitude. O problema é que nosso governo não desfruta de reserva moral suficiente para fazer a cobrança. Quando nossos estudantes foram às ruas, também acabaram recebidos com bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes. A presidente ameaçou acionar o Exército para impor a ordem - ou calar os ativistas - durante a Copa do Mundo. Irmãos em posição ideológica, Brasil e Venezuela também parecem concordar que, sob a ameaça de contestação política, o melhor a fazer é descer o sarrafo.
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