FOLHA DE SP - 17/02
BRASÍLIA - O governo rezou, o tão esperado fim de semana de chuvas chegou e a guerra política em torno do racionamento de energia deve ter uma trégua. Os problemas do setor, contudo, continuarão. E podem continuar minando a imagem da presidente Dilma no ano da eleição.
Racionamento sempre foi muito improvável, para não dizer fora do cenário. O mesmo não dá para dizer de novos apagões, como em Alagoas no sábado. Afinal, o sistema elétrico vive um momento de forte estresse, provocado pelos raios intervencionistas do governo petista.
Dilma e sua equipe reclamam da exploração política que a oposição faz do tema, mas foram os petistas que transformaram energia elétrica em arma eleitoral. Primeiro, ao bater pesado, com toda razão, no racionamento tucano de 2001.
Depois, ao lançar, com tons de campanha, o programa de redução de tarifas em 2012. Virou prisioneiro de seu discurso e vai se enrolando em fios desencapados para manter a hoje falsa sensação de queda no custo da energia elétrica.
O programa, é bom reconhecer, teve seus méritos. Mas seus efeitos foram temporários e seu alcance, restrito. Não beneficiou boa parte da indústria --aquela que deveria ser o alvo principal do programa.
Hoje, por causa da natureza e dos erros do governo, o custo da energia só faz subir. Para manter a bandeira eleitoral, o Palácio do Planalto espeta a conta no Tesouro e retarda o repasse do gasto extra aos consumidores. Um equívoco fiscal.
Esta é mais uma conta que será cobrada num futuro próximo. Assim como a da gasolina, das tarifas de transporte público. É o governo definindo artificialmente preços da economia em nome da reeleição.
Por último, a crise hídrica deste ano recomendava ao governo lançar um programa de racionalização no uso da energia. Não o fez. Segundo um assessor, para evitar que a oposição soltasse o grito alarmista de "vem aí um racionamento".
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