FOLHA DE SP - 22/01
BRASÍLIA - Depois de ganhar a eleição de 1994, FHC prometeu que teria um "ministério de Jatenes", referência a Adib Jatene, sumidade no campo médico que trouxe para a Saúde. Criou involuntariamente uma piada: apenas o próprio Jatene acabou no time, só para sair depois por bater cabeça com a área econômica e o Congresso.
Desde então, a pasta virou ora trampolim, ora depositário de ilustres desconhecidos. José Serra foi único: político famoso e reconhecido no cargo, ainda que ele não lhe tenha servido na eleição de 2002.
Alexandre Padilha sai cacifado devido ao Mais Médicos, mais um golpe de marketing do que programa de gestão de saúde pública. Entrará na campanha mais encarniçada de 2014. Não tem a perder: sairá ou coroado como outro "poste do Lula", ou endurecido para embates futuros.
Seu sucessor é, hoje, uma incógnita. Isso é potencialmente até bom: Arthur Chioro pode mostrar-se um técnico sério e conhecedor dos problemas do sistema em sua ponta.
Neste momento, seu currículo não inspira grandes expectativas. Tirado da cartola por Lula, sempre ele, tem na defesa enfática do Mais Médicos a sua principal credencial pública. De quebra, um caso ainda a esclarecer sobre uma empresa com contratos na área de saúde municipal que, segundo o Ministério Público, é dele.
Autor de livros esotéricos, também verá críticas na corporação médica. Se não misturar crenças com política pública, contudo, sem problemas.
Chioro, é claro, pode ser apenas mais um ministro-tampão de ano eleitoral --embora petistas digam que não. A impressão que fica ao fim é a de que a impermanência domina a condução da saúde no país.
Falando em pasta poderosa, soa falsa a questão sobre o autocontrole de Aloizio Mercadante nos limites da Casa Civil. Não se trata de "se", mas de "quando" ele irá extrapolá-los.
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