FOLHA DE SP - 08/01
Caderneta atrai cada vez mais dinheiro, mas em 2013 não rendeu nada em termos reais
A POUPANÇA teve um ano excepcional em 2013, soube-se ontem. A quantidade de dinheiro nas cadernetas aumentou 20,5% em um ano (captação bruta). Já para o bolso de seus investidores, foi a decepção habitual, com rendimento de 5,85% no ano.
Tal rendimento não bate nem a inflação, que deve ter ficado em torno de 5,8% (medida pelo IPCA). Ou seja, quem depositou na caderneta viu seu dinheiro render coisa alguma, zero, em termos reais. Apenas manteve seu poder de compra.
Ainda assim, a poupança atraiu mais dinheiro, em termos relativos, do que o conjunto dos fundos de investimento, que até novembro tiveram uma captação bruta de 8,8%.
Os fundos tiveram um ano agitado, com tombos no valor das cotas devidos aos tumultos de meados do ano (com altas de juros nos EUA e no Brasil naqueles meses de "disparada do dólar). Os fundos chamados de "renda fixa" e os multimercados juros e moedas sofreram as maiores sangrias de 2013.
Além do mais, o setor continua a oferecer opções horríveis, careiras, com taxas de administração tão altas que levam vários fundos a perder até do rendimento ruim da poupança.
Considerados todos os pesares e a perda relativa de espaço para as aplicações em cadernetas, os fundos resistiram. Até novembro, os depósitos na poupança representavam 23,8% do total do patrimônio líquido nos fundos.
Desde 2004, as aplicações na poupança têm representado entre 20% e 25% do patrimônio dos fundos. As cadernetas têm ficado mais gordas nos anos de governo Dilma Rousseff, quando as taxas de juros caíram, expondo os rendimentos pífios de muito fundo de investimento.
O pobre do poupador comum, pois, tem estado entre a cruz e a caldeirinha. Se é trabalhador com carteira assinada, vê seu dinheiro guardado no FGTS perder valor (pois a remuneração do FGTS perde feio da inflação). Se aplica na caderneta, no máximo consegue evitar que sua poupança suada seja corroída pela inflação. Se faz um plano de previdência privada, em geral paga muito pela comodidade de não administrar sua aposentadoria.
Faz tempo, a melhor aplicação em renda fixa é, de longe, o Tesouro Direto (emprestar dinheiro diretamente para o governo, comprando títulos públicos). No título indexado, de vencimento mais curto (maio de 2017) e atraente em termos tributários, é possível conseguir rendimento de uns 4% ao ano mais inflação.
Em novembro passado, o estoque de dinheiro investido no Tesouro Direto, no entanto, não passava de R$ 11 bilhões, menos de 8% do total do dinheiro aplicado na poupança.
O problema do Tesouro Direto é que a aplicação é difícil para o investidor comum (aliás, para quase todos os investidores). É preciso escolher os títulos; é preciso entender que não se pode vendê-los antes do vencimento sem o risco de perdas fortes.
Em suma, é necessário ter algum conhecimento básico de finanças. Mas dá para entender parte do básico pelo site do Tesouro Direto e vale a pena fazer algum esforço adicional de aprendizado. Do jeito que andam as opções no mercado, há grande chance de o seu dinheiro suado não estar rendendo nada. Preste atenção.
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