FOLHA DE SP - 08/01
BRASÍLIA - As estarrecedoras imagens da barbárie no presídio de Pedrinhas constituem rotina.
Para ficar na memória pessoal: desde meus tempos de repórter de polícia, no fatídico 1992 que tornou Carandiru sinônimo de massacre, até hoje, pouco mudou. Busque no Google: há dezenas de notícias sobre estupros, esquartejamentos e decapitações intramuros Brasil afora.
O que o vídeo revelado por esta Folha traz é uma espiada rara para nós, o mundo exterior. Observamos com horror aqueles que esquecemos se comportando como a mítica horda primitiva de Freud em "Totem e Tabu", matando não só os companheiros, mas acima de tudo o "Pai" dominador representado pelo Estado.
O texto clássico completou 100 anos recentemente, e o termo "banquete totêmico" é tristemente adequado para o que se vê. Na brilhante análise freudiana, as regras da sociedade (e, por extensão, do indivíduo) surgem do remorso decorrente do assassinato e antropofagia do "Pai" pelos filhos renegados. A consciência moral advém, pois, da culpa.
Nas prisões sem "padrão mensalão", símbolos do exílio imposto pelo Estado, não parece haver espaço para essa esperança de ordem. A brutalização, que espelha de forma aguda o mal-estar de uma sociedade na qual a desconfiança do outro é a regra, soa insolúvel. Não há intervenção federal pontual que resolva.
Sábado passado, confundi-me aqui ao comentar as parcerias entre empresas de defesa que competem entre si e citar que o radar do sueco Saab Gripen deverá ser francês como o Dassault Rafale derrotado por ele na disputa da FAB. Deveria: o modelo francês escolhido inicialmente foi substituído por um da italiana Selex.
Isso não altera o argumento em si. O Gripen segue tendo componentes franceses, e a Saab é parceira da Dassault em um projeto de avião não-tripulado, por exemplo.
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