CORREIO BRAZILIENSE - 29/11
Hoje, ocorre no Brasil a Black Friday - um bem bolado evento varejista que surgiu nos Estados Unidos para dar descontos no comércio. A cópia foi um fracasso no ano passado: na verdade, tudo parece ter sido vendido pela metade do dobro do valor. Em suma: muitas empresas, grandes e pequenas, reajustaram os preços na quarta e na quinta e deram desconto equivalente na sexta. E, em tese, a ética da falsa esperteza, portanto, venceu - o que decepcionou muita gente, a ponto de a iniciativa virar piada, chamada até de black fraude. Mas, este ano, voltou a crescer a expectativa do "feirão virtual". Claro, principalmente sobre os percentuais de descontos ofertados. Mas também sobre à quantidade e à qualidade dos produtos, às regras de entrega, à clareza nas informações.
No entanto, foi necessário que várias instituições (estatais, corporativas ou ONGs) agissem previamente para tentar reduzir as pseudopromoções, o congestionamento de sites, o mau atendimento ou risco de vazamentos de informações de clientes. Os organizadores montaram até (pasmem) um código de ética. Alguns Procons criaram esquema especial de fiscalização e até divulgaram lista com os sites sujismundos habituais.
Bem, isso só vem comprovar: não há hipótese, enquanto a ética comercial for tão frágil, que o Estado deixe de lado a relação entre mercado e consumidores. Sou contumaz denunciante, neste espaço, dos maus-tratos a quem apenas quer comprar, vender, alugar, trocar, tomar empréstimos. Primeiro, precisamos provar que somos honestos - até a Justiça permite que um banco, por exemplo, cobre até R$ 1 mil do cliente para uma chamada TAC, a taxa para pesquisar se o comprador é sujo ou não na praça: eu sou obrigado a pagar, por exemplo, para provar que sou honesto. Haja inversão de valores.
Fique atento. Confira preços. Ou monitore a partir de agora e só compre mais tarde. Se se arrepender, exija a troca. Se for comprar on-line, consulte o CNPJ da empresa; se surgir a menor suspeita, ignore-a. Veja se ela tem certificados digitais.
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