FOLHA DE SP - 17/10
SÃO PAULO - Depois de junho, virou moda no Brasil se dizer representante da tal "nova política".
Justiça seja feita: Marina Silva já usava esse discurso antes de as manifestações tomarem as ruas, tanto é que foi a única candidata a crescer logo depois do pico dos protestos.
A novidade é que a ex-senadora ganhou companhia, a começar por seu possível companheiro de chapa, Eduardo Campos. Apesar de ser membro de uma família de políticos tradicional, o governador (em segundo mandato) também passou a ser vendido com rótulo de lançamento.
Mais curioso ainda é reparar que, para conferir verossimilhança à pregação da "nova política", estão sendo escalados justamente os veteranos que estavam no banco de reservas.
Antes sob risco de ter sua candidatura à reeleição para o Senado cassada pelo PT, Eduardo Suplicy foi chamado a estrelar comerciais de TV da sigla. Seu figurino "outsider", o descolamento da máquina partidária e as atitudes "independentes" (embora sempre calculadas para gerar exposição) o fizeram voltar à moda depois que a geração Facebook deu as caras.
A mesma lógica explica por que Luiza Erundina (PSB-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS) --sempre vistos com fastio pelas cúpulas de seus partidos, graças à rebeldia de quem não tem papas na língua-- estão em alta com a dupla Campos-Marina.
O octogenário senador gaúcho foi saudado como artífice da aliança. A deputada e ex-prefeita de São Paulo ganhou lugar de destaque à mesa na cerimônia que selou o casamento.
Assim, o que se propõe como "novo" na política ganha ares "vintage", como a volta à febre do vinil.
Dado esse súbito protagonismo, Suplicy pode virar líder do governo caso Dilma Rousseff seja reeleita? Ou os autênticos Erundina e Simon seriam ministros num eventual governo de Campos e/ou Marina?
Improvável. A presença deles na fotografia serve mais para dar aquele tom sépia descolado e aumentar o número de "curtidas" nas redes sociais.
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