O GLOBO - 14/09
As manifestações recentes nas principais cidades brasileiras foram um sinal de alarme. Esses episódios surpreenderam tanto pela sua organização, que fugiu totalmente às modalidades tradicionais conduzidas por partidos políticos ou organizações sindicais, quanto pelo seu conteúdo, que, pela primeira vez, abordou temas relacionados à mobilidade e ao planejamento urbano. A criação de um Fundo Financiador de Estudos de Mobilidade poderia viabilizar projetos focados na melhoria da qualidade.
Já se foi o tempo em que o Brasil apresentava soluções inovadoras para moradia, transportes e organização urbana. As experiências pioneiras como o planejamento de Brasília, as soluções de transporte de Curitiba, todas conduzidas por arquitetos brasileiros de fama internacional, são coisas do passado.
A tentativa de organização das regiões metropolitanas ocorrida na década de 70 foi abortada com a infeliz decisão da Constituição Cidadã , que, com o seu viés excessivamente municipalista, sepultou as entidades metropolitanas então existentes. A criação mais recente, em 2003, do Ministério das Cidades pouco representou, pois o seu foco abrangente não permite ações mais eficazes.
É preciso uma nova reflexão sobre as condições das metrópoles brasileiras, que envolvam a necessidade de um planejamento metropolitano com uma visão clara que alguns serviços, como transportes de massa, saneamento, tratamento de rejeitos, entre outros, devem ser abordados, organizados e operados de forma integrada. Assim como a busca de uma solução para coordenação das ações do poder público nas regiões metropolitanas.
A integração entre o planejamento do uso do solo e a política de investimentos em transporte público também precisa ser levada em conta. Esse debate deve abranger a redução da emissão de poluentes, a melhoria da acessibilidade ao transporte de massa e a qualidade dos serviços oferecidos à população, tais como: conforto, velocidade e segurança. Assim como tratar da relação entre as condições de mobilidade e segurança dos pedestres, usuários de bicicletas e motociclistas e os transportes de massa. A criação de um Fundo contribuiria para o planejamento urbano integrado, com a possibilidade de melhorias para a mobilidade. Precisa ser defendida.
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