O ESTADO DE S. PAULO - 02/09
Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que a participação da indústria de transformação na formação do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 13,3% em 2012. Esse nível é semelhante ao de 1955 - um ano antes do lançamento do Plano de Metas, com o qual o presidente Juscelino Kubitschek pretendia acelerar a industrialização do País, então considerado! subdesenvolvido. A Fiesp alerta ainda que a participação poderá recuar para 9,3% em 2029.
A perda de espaço da indústria no PIB não é, em si, um problema. O fenômeno, chamado de "desindustrialização", ocorre quando outros setores da economia, principalmente o de serviços, superam a indústria em termos de capacidade de geração de riqueza. Isso acontece geralmente quando a renda per capita aumenta e, portanto, cresce a demanda por serviços. Países ricos passaram por esse processo - nos Estados Unidos, por exemplo, a indústria perdeu espaço relativo a partir do momento em que a renda per capita atingiu US$ 19,5 mil Para o Brasil, de acordo com a Fiesp, a desindustrialização chegou cedo demais, pois a renda per capita ainda é de apenas US$ 10,3 mil. Segundo a entidade, a renda teria de dobrar nos próximos 20 anos, e só então seria natural o declínio da participação da indústria de transformação no PIB.
A Fiesp considera que o País já está desindustrializado - tanto é que o título de seu estudo é Por que reindustrializar o Brasil mas essa conclusão é discutível. Falta muito ainda para atingirmos a etapa pós-industrial, em que o setor manufatureiro não seja mais o esteio do emprego e da renda, como acontece nos países ricos. O problema da indústria brasileira é de estagnação, em razão da falta de competitividade e da baixa produtividade.
Os números são conclusivos a esse respeito. A atividade industrial apresentou crescimento de 2,6% em junho em relação a maio, descontados os fatores sazonais. No entanto, o resultado de maio foi 2,7% inferior ao de abril, fazendo com que a recuperação de junho, que aparentava ser uma boa noticia, não fosse suficiente para compensar a queda anterior. No acumulado em 12 meses, o avanço é de apenas 0,9%.
É esse ritmo de cágado que condena a indústria de transformação ao enfraquecimento que a pesquisa da Fiesp detectou. Antes de ser um sintoma de desindustrialização, o mau desempenho confirma velhos entraves estruturais, que afetam quase toda a cadeia produtiva.
Diversos fatores contribuem para esse quadro. A crise nos países ricos, por exemplo, reduziu a demanda e acirrou a concorrência. Com isso, ficou ainda mais patente a dificuldade da indústria nacional de competir no mercado externo, algo que já era notável mesmo em tempos das vacas gordas.
No mercado interno, o aumento da renda também elevou a demanda, que a indústria foi incapaz de atender. Como resultado, cresceram as importações de manufaturados.
A título de fortalecer a indústria, o governo federal vem mantendo uma política de concessão de benefícios a setores eleitos, como o de automóveis, mas essa estratégia tem sido marcada por critérios e objetivos que nada mais são do que mero improviso e não tocam em questões de fundo. Antes de enfrentar a concorrência de gigantes industriais no mercado global, o setor manufatureiro nacional tem de encarar um sistema tributário disfuncional, uma precária infraestrutura de transportes e de energia, excesso de burocracia e custos exorbitantes de produção, além da falta de mão de obra qualificada, graças a históricos problemas na área de educação. E uma luta desigual.
Tudo isso concorre para a desidratação da indústria de transformação, ameaçando, no médio prazo, a capacidade de geração de empregos de qualidade.
Para reverter esse quadro, urge que governo e empresários revisem suas estratégias, a começar do básico: em lugar de erráticas políticas de incentivo, que só favorecem alguns setores privilegiados, é preciso investir em inovação e qualidade, reduzir custos e diversificar as fontes de financiamento.
A perda de espaço da indústria no PIB não é, em si, um problema. O fenômeno, chamado de "desindustrialização", ocorre quando outros setores da economia, principalmente o de serviços, superam a indústria em termos de capacidade de geração de riqueza. Isso acontece geralmente quando a renda per capita aumenta e, portanto, cresce a demanda por serviços. Países ricos passaram por esse processo - nos Estados Unidos, por exemplo, a indústria perdeu espaço relativo a partir do momento em que a renda per capita atingiu US$ 19,5 mil Para o Brasil, de acordo com a Fiesp, a desindustrialização chegou cedo demais, pois a renda per capita ainda é de apenas US$ 10,3 mil. Segundo a entidade, a renda teria de dobrar nos próximos 20 anos, e só então seria natural o declínio da participação da indústria de transformação no PIB.
A Fiesp considera que o País já está desindustrializado - tanto é que o título de seu estudo é Por que reindustrializar o Brasil mas essa conclusão é discutível. Falta muito ainda para atingirmos a etapa pós-industrial, em que o setor manufatureiro não seja mais o esteio do emprego e da renda, como acontece nos países ricos. O problema da indústria brasileira é de estagnação, em razão da falta de competitividade e da baixa produtividade.
Os números são conclusivos a esse respeito. A atividade industrial apresentou crescimento de 2,6% em junho em relação a maio, descontados os fatores sazonais. No entanto, o resultado de maio foi 2,7% inferior ao de abril, fazendo com que a recuperação de junho, que aparentava ser uma boa noticia, não fosse suficiente para compensar a queda anterior. No acumulado em 12 meses, o avanço é de apenas 0,9%.
É esse ritmo de cágado que condena a indústria de transformação ao enfraquecimento que a pesquisa da Fiesp detectou. Antes de ser um sintoma de desindustrialização, o mau desempenho confirma velhos entraves estruturais, que afetam quase toda a cadeia produtiva.
Diversos fatores contribuem para esse quadro. A crise nos países ricos, por exemplo, reduziu a demanda e acirrou a concorrência. Com isso, ficou ainda mais patente a dificuldade da indústria nacional de competir no mercado externo, algo que já era notável mesmo em tempos das vacas gordas.
No mercado interno, o aumento da renda também elevou a demanda, que a indústria foi incapaz de atender. Como resultado, cresceram as importações de manufaturados.
A título de fortalecer a indústria, o governo federal vem mantendo uma política de concessão de benefícios a setores eleitos, como o de automóveis, mas essa estratégia tem sido marcada por critérios e objetivos que nada mais são do que mero improviso e não tocam em questões de fundo. Antes de enfrentar a concorrência de gigantes industriais no mercado global, o setor manufatureiro nacional tem de encarar um sistema tributário disfuncional, uma precária infraestrutura de transportes e de energia, excesso de burocracia e custos exorbitantes de produção, além da falta de mão de obra qualificada, graças a históricos problemas na área de educação. E uma luta desigual.
Tudo isso concorre para a desidratação da indústria de transformação, ameaçando, no médio prazo, a capacidade de geração de empregos de qualidade.
Para reverter esse quadro, urge que governo e empresários revisem suas estratégias, a começar do básico: em lugar de erráticas políticas de incentivo, que só favorecem alguns setores privilegiados, é preciso investir em inovação e qualidade, reduzir custos e diversificar as fontes de financiamento.
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