FOLHA DE SP - 29/08
SÃO PAULO - Embora os tucanos tentem minimizar o assunto, a crise existencial de José Serra (deixar ou não deixar o PSDB?) tem grande potencial de estrago para a candidatura Aécio Neves e para o futuro do próprio partido.
O ex-governador paulista cogita sair do PSDB porque deseja disputar pela terceira vez o Palácio do Planalto, seu único e obsessivo projeto de vida, mas nem mesmo seus velhos companheiros o respaldam. FHC, por exemplo, já declarou que Serra precisa ser "realista".
O tucano tem hoje uma rejeição altíssima, de 36%, quase o dobro da que possuía nesta mesma época da última corrida presidencial (19%, em dezembro de 2009), e fracassou ao se candidatar à Prefeitura de São Paulo, no ano passado, na sua principal base política. Perdeu para o "segundo poste" de Lula.
Apesar da ínfima chance de sucesso, a sua eventual candidatura por outro partido (o PPS) pode representar um significativo problema para o ex-governador mineiro. Serra, evidentemente, transita na mesma faixa do eleitorado de Aécio e lhe tiraria bons votos, sobretudo em São Paulo, o que pode ser perigoso para alguém que poderá enfrentar uma disputa difícil pela segunda vaga no turno final da eleição com Marina Silva e, talvez, com Eduardo Campos.
Mas Serra não é um transtorno apenas para Aécio. Representa também um fator a mais de risco para o próprio PSDB, que tem se mantido como a principal voz da oposição no país, muito embora tenha conseguido dizer pouca coisa realmente útil nos últimos anos.
O que será do partido se ficar de fora do segundo turno da disputa presidencial e não eleger uma bancada parlamentar razoável? Se no início do governo FHC o ministro Sérgio Motta dizia que o projeto do PSDB era ficar no poder por pelo menos 20 anos, duas décadas depois o partido terá, antes de tudo, de tomar cuidado para não virar um figurante na política nacional.
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