BRASÍLIA - Causa um pouco de tristeza a queda da aprovação do Congresso Nacional na recente pesquisa Datafolha. De junho até agora, aumentou de 33% para 42% a taxa dos que consideram ruim ou péssimo o trabalho de deputados e senadores.
Segundo o levantamento, 40% acham o Congresso regular. Só 13% enxergam como bom ou ótimo o serviço prestado pelos congressistas.
De junho para cá, a popularidade da presidente Dilma Rousseff parou de cair e chegou a subir, com a aprovação ao seu governo indo de 30% para 36%. Ou seja, embora existam exceções, há algo de errado no comportamento geral dos congressistas.
Não faltam exemplos para justificar a péssima imagem do Poder Legislativo. O mais gritante é a resistência a cortar na própria carne quando necessário. É bem verdade que muitos congressistas já foram cassados nos últimos anos. São exceções que confirmam a regra e têm efeito inócuo. O conceito dos políticos não melhora se eles agem quando já é tarde demais. Fica a impressão, correta, de que apenas cumprem a obrigação.
Tome-se o caso do deputado federal Natan Donadon, eleito pelo PMDB de Rondônia. Desde 2010, ele está condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Sua pena supera 13 anos de prisão pelos crimes de formação de quadrilha e desvio de dinheiro público. O que fez o Congresso de 2010 até junho deste ano? Nada. Absolutamente nada.
Poderia ter sido aberto há muito tempo um processo para cassar Donadon. Mas os deputados esperaram passivamente até o STF dar um basta nas manobras protelatórias do condenado. Só quando Donadon foi para a prisão, em 28 de junho, é que a Câmara começou a se mexer.
Nas próximas semanas, Donadon será cassado. A Câmara dirá que cumpriu sua obrigação. Só que os brasileiros estão vendo tudo. Sabem que demorou além do aceitável. O Congresso assim flerta perigosamente com uma profunda perda de credibilidade.
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