BBC Brasil - 11/07
Que verão! Putz, calor boçal. Faz parte, como as chuvas, enchentes e incêndios nas florestas. Mas barbeiragem de piloto em San Francisco foge de todas previsões.
A economia cresce e encolhe. O Egito não anda nem desanda. Washington fechada. Noticiário borocochô. Minitragédias e maxichatices como a incompreensível megaespionagem da Agência Nacional de Segurança. Ouviram a conversa da presidente em Brasília? Roubaram nossos segredos? O protesto brasileiro não mereceu destaque.
Os europeus mereceram 10 segundos. E daí? Todo mundo espiona 24 horas por dia. A espionagem intriga e incomoda, mas não escandaliza.
As TVs por assinatura vivem de um interminável julgamento na Flórida, onde um jovem branco metido a policial matou um jovem negro desarmado. Está nos finalmentes. Pelas leis da Flórida, a decisão pinta a favor do branco.
Dois escândalos sexuais sustentam os tabloides e fascinam pela forma que ressuscitaram. São da minha vizinhança.
Um deputado democrata, o priápico Anthony Weiner, renunciou há dois anos quando fotos do volume do seu weiner (é gíria para pênis), rijo embaixo da cueca, foram para as manchetes.
Inteligente, gênio na autopromoção, judeu casado com uma palestina brilhante assessora de Hilary Clinton, tinha futuro promissor. Semana passada, anunciou sua candidatura a prefeito. Foi estraçalhado pelos editoriais e ouve insultos nas ruas, mas está empatado em primeiro lugar nas pesquisas.
O outro escandaloso é o ex-governador de Nova York Elliot Spitzer. Milionário, casado com três filhos, não menos brilhante, tinha sido um promotor implacável, inclusive com prostitutas e gigolôs. Quando se elegeu governador, houve quem visse nele o primeiro presidente judeu dos Estados Unidos, até aparecer numa lista de clientes de uma agencia de prostituição.
Ele era o cliente número 9 no livrinho da cafetina, um dos melhores. Isto foi há cinco anos. Que tristeza e humilhação, a da mulher diante das câmeras solidária com o marido.
Esta semana, Spitzer derrubou Weiner das primeiras páginas quando anunciou que será candidato a comptroller, o terceiro posto mais importante da cidade — embora a maioria dos novaiorquinos não saiba explicar o que faz o "controlador" ou soletrar a palavra. Ele fiscaliza as finanças da cidade. O candidato favorito era um democrata, agora em pânico.
Como marido freguês de prostitutas ele foi infame, mas Spitzer sabe fazer contas e hoje em dia muitos eleitores confundem fama e infâmia. Mais surpreendente é a outra candidata a fiscal. Kristin Davis ficou conhecida como "Madame Manhattan", mas antes era vice-presidente de um hedge fund de US$ 2 bilhões na Wall Street.
Quando ficou desempregada criou sua agência de prostituição, que tinha entre os clientes, além do governador, o jogador David Bekham e o homem do FMI Dominique Strauss-Kahn. Por causa das leis aprovadas pelo governador Spitzer, Kristin passou quatro meses numa prisão barra pesada, mas a participação dela na campanha é folclórica.
A safra de corruptos deste verão seria uma das piores em muitos anos. Foi salva pelo governador da Virgínia. O Estado esta próspero e o nome dele, Bob McDonnell, conservador com benção do Tea Party, chegou a entrar na lista de possíveis candidatos a presidente em 2016 pelo Partido Republicano. Ainda está no poder, mas as ambições presidenciais evaporaram e o cargo esta em perigo.
O candidato "Bob for Jobs" — este era o lema dele de campanha com a promessa de acabar com a fraude e a corrupção no Estado — tem um amigo rico e generoso. Jonnie Williams, dono da Star Scientific, uma fábrica de produtos de dieta, que anda mal das pernas, queria que o governador ajudasse a liberar e promover uma pílula para emagrecer à base de tabaco.
Na amizade entrou um Rolex de US$ 6,5 mil, outros US$ 15 mil para uma festa de casamento da filha do governador, um paletó de veludo de US$ 10 mil, dois pares de sapatos finos e uma bolsa da Louis Vuitton. Ele se complicou quando disse que o Rolex tinha sido presente de Natal da mulher, mas tinha sido do Jonnie, a pedido da mulher.
Uma mentira leva a outra e em pouco tempo o cozinheiro do governador estava na prisão, acusado de roubo e acusando os filhos do governador de roubar até papel higiênico da mansão. O cartão de crédito oficial era usado para compras em geral, de desodorantes a limpadores intestinais. O governador negou os excessos dos filhos, mas reembolsou o Estado com um cheque de US$ 2,4 mil.
Qual dos escândalos é mais mortal para um político americano? Dois estudos mostram que os pecadores sexuais perdem mais eleitores do que corruptos, mas depois de quatro anos de penitência, quase todos estão perdoados.
Um comentário:
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