FOLHA DE SP - 11/07
RIO DE JANEIRO - Todo mundo foi à rua. Gritou, cantou, exigiu. O aumento das passagens de ônibus foi revogado. O Congresso trabalhou. Aprovou e rejeitou projetos na direção em que as ruas pediram. Os governantes abriram os palácios, receberam manifestantes, reviram planos, mudaram decisões.
Os dias passaram. As cidades convivem com pequenas manifestações, estradas são fechadas durante protestos. Mas as ruas se esvaziaram e o cotidiano das pessoas voltou ao normal. O tempo parece ser de espera.
Estão marcadas para hoje várias paralisações em todo o país, desta vez convocadas por sindicatos. Chegou-se até a falar em greve geral.
Aqui, no Rio, o cenário principal será o mesmo: as ruas entre a Candelária e a Cinelândia. Os atores parece que serão outros. O figurino poderá ser mais produzido e menos improvisado. O enredo terá semelhanças e diferenças. Será possível comparar a força e os gritos.
A questão é saber se será um desenvolvimento, uma continuação dos movimentos que surpreenderam o país e o mundo. Ou será um novo patamar? Um avanço? Um retrocesso?
Fatos recentes trazem de volta o comportamento político de sempre: a polícia retirou manifestantes da rua do governador Sérgio Cabral na calada da noite; deputados e senadores usaram aviões da FAB para passeios; o governador do Rio considerou normal ter uma frota de sete helicópteros e usá-la para transportar seus familiares para a casa de praia; o plebiscito foi enterrado e a reforma política voltará a ser discutida, mais uma vez, sem prazo nem objetivo. E ficou por isso mesmo.
É hora de saber se as manifestações tropicais eram ondas que quebraram com força na praia e, agora, refluem para formar outra onda, como acontece na natureza. Ou, como é comum na política, se serão absorvidas e tudo continuará no mesmo balanço de sempre.
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