FOLHA DE SP - 09/07
SÃO PAULO - É senso comum nos meios políticos e empresariais que Dilma Rousseff precisa promover mudanças em seu primeiro escalão para demonstrar que tem ferramentas para retomar a confiança nos rumos da economia e o comando sobre sua tão extensa quanto desarrumada coalizão no Congresso.
Essa é uma constatação feita inclusive por ministros da presidente, que, na semana passada, chegavam a dar como certa a saída da combalida Ideli Salvatti da coordenação política e como provável a troca de Guido Mantega, na Fazenda, por um nome capaz de reconquistar o mercado.
A nota oficial divulgada no fim de semana dizendo que nada muda no primeiro escalão só não foi um banho de água fria maior porque a mesma Dilma, no início do ano, prometeu que não mexeria na equipe, para fazê-lo poucos dias depois.
Por outro lado, aliados da petista indagam: substituir Ideli e Mantega por quem? E mais: a troca de nomes vai mudar alguma coisa num cenário em que a articulação política é manietada, e a condução da economia, feita pela própria presidente?
Não há banco de reservas para a vaga de Ideli. Por ali já desfilaram nomes de vários partidos, com desempenho sofrível. O único que foi considerado razoável, pelo manejo do varejo, foi José Múcio, hoje no TCU.
Ideli tem sido submetida a constrangimentos públicos diários. Nas reuniões, não tenta nem disfarçar seu alheamento. Diante dos pedidos de senadores e deputados, sapeca um embaraçoso "a reitora não deixa'', numa referência a Dilma.
As opções aventadas para substitui-la não têm mais lastro político. Além disso, não é possível saber se os petistas à disposição para a tarefa trabalhariam por Dilma ou seriam infiltrados do "volta Lula'' no palácio.
Comentário corrente na base aliada mostra o dilema: um ministério em que pontifica Aloizio Mercadante dá sentido ao ditado segundo o qual em terra de cegos, quem tem um olho é rei.
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