O GLOBO - 09/07
Do sucesso dos empreendimentos depende não só o atual acionista controlador, mas também empregados, empreendedores, fornecedores e sócios minoritários
As companhias do grupo EBX, do empresário Eike Batista, enfrentam uma séria crise de credibilidade, em especial as de capital aberto, com ações negociadas em bolsa. As cotações de quase todas as empresas tiveram queda vertiginosa, mais acentuada do que a forte desvalorização que atingiu a grande maioria dos papéis na bolsa brasileira nos últimos meses. Essa perda de confiança teve origem na frustração inicial da produção da companhia de petróleo OGX (o maior investimento do grupo) na Bacia de Campos. A empresa traçou metas ambiciosas de produção, a partir das descobertas feitas depois de uma intensa campanha de exploração, com a perfuração de mais de cem poços pelo Brasil. No entanto, os três poços do campo batizado de Tubarão Azul, no mar, não se revelaram tão produtivos. Com isso, as metas ficaram comprometidos e o mercado reviu a projeção de receita, sempre comparando-a com as necessidades de caixa para a continuidade de investimento e a amortização de dívidas.
A frustração inicial com a companhia petrolífera acabou contaminando as ações das demais empresas do grupo EBX, pois todas elas estão envolvidas igualmente com planos ambiciosos.
Trata-se, então, de uma crise de credibilidade, pois os investimentos que as empresas ainda estão realizando não estão na fase de gerar caixa suficiente para que possam ser concretizados sem apoio em novos financiamentos.
Mas também é uma avaliação precipitada considerar que a frustração inicial com a OGX se repetirá em todos os projetos do grupo. O empresário Eike Batista tem vários parceiros nessa empreitada, que viram nesses projetos viabilidade econômica e considerável potencial de crescimento. Diante da perda de confiança do mercado, Eike Batista foi forçado a rever os investimentos de suas empresas, para adequá-los a uma realidade de restrição de crédito. Simultaneamente, pôs à venda patrimônio e até mesmo participações acionárias relevantes dessas companhias. Uma primeira grande negociação já foi bem-sucedida, a que envolve a empresa de energia elétrica MPX, que agora passou ao comando da sócia sócia alemã E.ON.
Tal transação se refletiu positivamente na bolsa, estancando a queda vertiginosa que as demais empresas vinham registrando diariamente. E mostra o caminho correto para o grupo se recuperar. A solução adequada terá de vir necessariamente pelo mercado, sem o uso de dinheiro público.
O grupo EBX tem volume considerável de investimentos no Rio de Janeiro. É especialmente importante para o Norte Fluminense o complexo industrial e portuário do Açu, no município de São João da Barra. A solução de mercado para essas empresas renovará as esperanças em relação à continuidade desses projetos, que hoje não dizem respeito apenas a seu acionista majoritário, mas também a milhares de empregados, fornecedores, empreendedores e sócios minoritários.
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