O GLOBO - 10/07
De tempos em tempos a história registra revoluções e movimentos sociais que se espalham simultaneamente, em várias partes do mundo, deixando como herança uma mudança de paradigma na relação entre governantes e governados.
A Revolução Francesa foi um desses momentos. Um dos seus mais importantes pontos, a República, levou mais de 90 anos para se consolidar na França, ferida na sua essência pelo lamentável período do Terror e a sucessão de muitas guerras, fomes e sofrimentos. Em 1848 ocorreu outro ano revolucionário na Europa que deixou reflexos e mesmo um dístico: l´esprit quarante-huitard , caracterizando as revoluções que produziram nas décadas seguintes maiores conquistas sociais e políticas.
O período seguinte à Revolução Russa e ao fim da Primeira Guerra Mundial, tão bem retratado na série Downton Abbey, é desses também onde às conquistas sociais somam-se importantes marcos na emancipação feminina. E 1968 é outro ano símbolo do é proibido proibir .
Ao frenesi e à explosão do momento-marco destas viradas, como hoje se observa no tocante aos movimentos de rua nascidos em todo mundo, com forte interação das redes sociais, seguem-se longos anos de construção institucional das novas realidades. Mudanças institucionais não se produzem num piscar d´olhos. Quando vistos em melhor perspectiva estes momentos se chega à conclusão, como bem registrou Tocqueville no L`Ancien Regime et la Revolution , que o processo estava andando e ia ocorrer. Talvez os excessos do primeiro momento tenham dilatado em muitas décadas o que estava para se alcançar...
Essas reflexões históricas são oportunas para que o ardor deste momento de alta vitalidade não se dirija para a caça a bodes expiatórios, mas sim que acelere as mudanças construtivas que a sociedade tanto necessita.
O substrato comum à pauta das reivindicações das ruas pode ser resumido em duas amplas bandeiras : governança e gestão.
Em matéria de governança, a transparência da atuação de nossos políticos e das nossas instituições é muito precária. O conceito de direitos adquiridos deve ser revisto, quando caracterizado que foram obtidos em detrimento do interesse comum. Não há como tolerar a abundância e a manutenção de privilégios auto-outorgados por membros de Executivo, Legislativo ou Judiciário, com cooptação de segmentos corporativistas.
Já a deficiente gestão que caracteriza a nossa máquina estatal patrimonialista, causadora do desmazelo na educação, na saúde e na segurança pública, sem falar no aparelhamento e ineficácia do governo, é intolerável e criminosa. Aqui há que se produzir uma forte e rápida mudança do paradigma de gestão, porque a eliminação de desperdícios, da incompetência e dos privilégios, pode fazer com que os mesmos recursos atuais produzam o dobro de resultados.
Esta é a mensagem simples e direta que o povo precisa ouvir e ver praticada.
A Revolução Francesa foi um desses momentos. Um dos seus mais importantes pontos, a República, levou mais de 90 anos para se consolidar na França, ferida na sua essência pelo lamentável período do Terror e a sucessão de muitas guerras, fomes e sofrimentos. Em 1848 ocorreu outro ano revolucionário na Europa que deixou reflexos e mesmo um dístico: l´esprit quarante-huitard , caracterizando as revoluções que produziram nas décadas seguintes maiores conquistas sociais e políticas.
O período seguinte à Revolução Russa e ao fim da Primeira Guerra Mundial, tão bem retratado na série Downton Abbey, é desses também onde às conquistas sociais somam-se importantes marcos na emancipação feminina. E 1968 é outro ano símbolo do é proibido proibir .
Ao frenesi e à explosão do momento-marco destas viradas, como hoje se observa no tocante aos movimentos de rua nascidos em todo mundo, com forte interação das redes sociais, seguem-se longos anos de construção institucional das novas realidades. Mudanças institucionais não se produzem num piscar d´olhos. Quando vistos em melhor perspectiva estes momentos se chega à conclusão, como bem registrou Tocqueville no L`Ancien Regime et la Revolution , que o processo estava andando e ia ocorrer. Talvez os excessos do primeiro momento tenham dilatado em muitas décadas o que estava para se alcançar...
Essas reflexões históricas são oportunas para que o ardor deste momento de alta vitalidade não se dirija para a caça a bodes expiatórios, mas sim que acelere as mudanças construtivas que a sociedade tanto necessita.
O substrato comum à pauta das reivindicações das ruas pode ser resumido em duas amplas bandeiras : governança e gestão.
Em matéria de governança, a transparência da atuação de nossos políticos e das nossas instituições é muito precária. O conceito de direitos adquiridos deve ser revisto, quando caracterizado que foram obtidos em detrimento do interesse comum. Não há como tolerar a abundância e a manutenção de privilégios auto-outorgados por membros de Executivo, Legislativo ou Judiciário, com cooptação de segmentos corporativistas.
Já a deficiente gestão que caracteriza a nossa máquina estatal patrimonialista, causadora do desmazelo na educação, na saúde e na segurança pública, sem falar no aparelhamento e ineficácia do governo, é intolerável e criminosa. Aqui há que se produzir uma forte e rápida mudança do paradigma de gestão, porque a eliminação de desperdícios, da incompetência e dos privilégios, pode fazer com que os mesmos recursos atuais produzam o dobro de resultados.
Esta é a mensagem simples e direta que o povo precisa ouvir e ver praticada.
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