FOLHA DE SP - 13/07
RIO DE JANEIRO - George Reeves, o primeiro Super-Homem do cinema (1953-1957), não podia sair à rua. As crianças o reconheciam, chutavam-lhe a canela para ver se era mesmo de aço e ficavam desapontadas quando ele saía pulando num pé só. Reeves morreu em 1959 com um tiro na cabeça, disparado por uma namorada, um marido traído ou - versão oficial - ele próprio. Seja como for, não foi uma morte apropriada para um super-herói.
Por causa disso, Hollywood levou 20 anos para voltar a acreditar em Super-Homem. Quando aconteceu, a escolha de Christopher Reeve (1978-1987) para interpretá-lo parecia definitiva, não fosse o acidente que deixou Reeve tetraplégico, em 1995. Mas o homem se sobrepôs ao herói --nenhuma façanha de Super-Homem, nem a de girar a Terra ao contrário para fazer voltar o tempo, se compara à atitude pessoal e pública de Reeve diante da doença, lutando por si e por outros na sua condição, até o desfecho, em 2004.
São só dois casos, mas tão contundentes que sugerem uma mandinga sobre Super-Homem. Outra personagem do cinema americano que também não parece dar sorte é Vicky Lester, a protagonista de "Nasce uma Estrela" --foi o último grande papel das três potências que a viveram: Janet Gaynor em 1937, Judy Garland em 1954 e Barbra Streisand em 1976.
Reeves e Reeve eram Super-Homens à altura de seus melhores desenhos nos gibis: maciços, de pescoço sólido e queixo quadrado. Já Henry Cavill, o novo Super-Homem, é microcéfalo e tem algum parentesco com Barbie. Se passar à história, será só como o primeiro Super-Homem a não usar a cueca por cima da calça.
Este é um mau momento para Super-Homem. Ficou antipático saber que, com sua visão telescópica e de raios X, ele pode não apenas ver a cor da calcinha de Lois Lane (tudo bem) como ler os e-mails de Lex Luthor --e os nossos.
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