FOLHA DE SP - 13/07
SÃO PAULO - É bem-vinda a iniciativa do governo federal de estender o exame hoje aplicado a médicos diplomados no exterior que queiram atuar no país, o Revalida, também aos estudantes brasileiros que estejam concluindo o curso.
Ainda que o teste seja voluntário e aplicado a apenas uma amostra de alunos, esta é uma boa hora para pôr fim a uma antiga suspeita: a de que o exame é tão exigente que aprovaria poucos médicos brasileiros.
Hoje, menos de 10% dos médicos conseguem passar no teste e ter revalidado o seu diploma para poder atuar no país. Das duas, uma: ou o exame é mesmo muito difícil, ou a vasta maioria dos que vêm tentar a sorte no Brasil é muito ruim.
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) considera básica a prova, afirmando que ela só mede conhecimentos que todo médico precisa ter, como reconhecer uma pneumonia ou tratar uma diarreia.
A maior parte dos inscritos no Revalida se formou em faculdades da América Latina, em especial na Bolívia, onde escolas médicas dispensam o vestibular e cobram mensalidades que não chegam a R$ 500 --no Brasil, o valor médio é de R$ 4.000.
Em 2012, uma médica argentina reprovada no Revalida disse que teve dificuldades nas áreas de epidemiologia e saúde pública, muito centradas na realidade brasileira.
A questão é saber o que o governo vai fazer com os resultados desse balão de ensaio caso os brasileiros se deem mal na prova: baixar o nível de exigência do exame? Exigir mais qualidade das escolas médicas brasileiras? A ver.
Para o paciente não interessa onde o médico se formou. Ele quer resolver seus problemas de saúde. Então, por que o país não adota um exame único para o exercício da medicina?
É uma forma de as entidades médicas demonstrarem que não estão preocupadas só com a reserva de mercado. E de o governo federal deixar claro que suas intenções para a saúde vão além das eleições de 2014.
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