O Globo - 10/06
A piora na economia atingiu em cheio a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Mais inflação e menos crescimento derrubaram a aprovação de seu governo nas pesquisas de opinião pública. A estagflação, essa mistura de estagnação econômica com a persistente alta de preços, é uma ameaça à sua reeleição em 2014. Caíram as intenções de voto na presidente, embora continue sendo a favorita em todas as simulações contra Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
A desaceleração do crescimento e a reaceleração dos preços confirmam uma tese em que tenho insistido. A de que somos prisioneiros da armadilha social-democrata do baixo crescimento. A inapetência por reformas de modernização, a desatenção com o regime fiscal e com as metas monetárias, a regulamentação inadequada em setores de energia e infraestrutura, tudo isso desestimula o ritmo de investimentos na economia.
Apesar da queda nas intenções de voto, Dilma tem ainda o suficiente para vencer seus adversários no primeiro turno. Nas simulações em que Lula é o candidato do PT em seu lugar, a vantagem dos petistas fica ainda maior. A esperteza política dos tucanos, de mexer na Constituição para permitir a reeleição de FH, tornou-se uma verdadeira maldição eleitoral para seus candidatos. O melhor cenário para os oposicionistas na eleição de 2014 é que a estagflação cozinhe em fogo brando a candidatura de Dilma, sem derrubá-la a ponto de tornar necessário reconvocar Lula. Nesse caso, uma subida gradual das intenções de voto em Marina, Aécio e Campos poderia forçar o segundo turno. E só uma aliança oposicionista poderia derrotá-la.
Dilma enfrenta agora um problema com sua equipe econômica. O pífio desempenho da produção e o agravamento das expectativas inflacionárias adversas nos últimos meses levaram a uma vertiginosa perda de credibilidade de seu ministro da Fazenda e do presidente do Banco Central. A Fazenda reduziu impostos para amaciar os índices de inflação. E só agora o Banco Central deu sinal de vida, acelerando a alta dos juros. Mas, com o anúncio iminente de crédito bombando para baixa renda na aquisição de móveis, geladeira, fogão etc., torna-se difícil a reversão das expectativas inflacionárias. A equipe é fraca, e suas políticas, erráticas.
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