FOLHA DE SP - 14/06
BRASÍLIA - Nunca antes na história de 25 anos do PSDB, o partido esteve tão unido quanto agora, em torno da candidatura de Aécio Neves à Presidência da República.
Em São Paulo, Franco Montoro estava acima de Mário Covas, que tinha ciúme (mútuo) de Fernando Henrique, que tem convivência quase protocolar com Geraldo Alckmin, que mal digere José Serra, que... criava e cria confusão com os demais.
Sem nenhum paulista candidatando-se à Presidência, o clima se desanuvia e fica mais fácil todos cerrarem fileiras com um candidato além-fronteiras, caindo de paraquedas dos céus de Minas Gerais. A disputa, a inveja e o ciúme mútuos se diluem e ficam restritos às composições locais.
Se há um resquício de dúvida sobre o destino de Serra --que tem respeito das elites e "recall" nas pesquisas, e não apoio no partido--, ninguém cogita hoje uma candidatura de Alckmin ao Planalto. Ele trabalha abertamente pela reeleição ao Bandeirantes e até convidou pessoalmente Aécio para dividir os holofotes do programa partidário em São Paulo.
No resto do país, velhos líderes tucanos, como Tasso Jereissati (CE), governadores, como Beto Richa (PR), e jovens prefeitos, como Rui Palmeira (Maceió), parecem felizes da vida com essa novidade: o partido tem, enfim, um único nome, inquestionável. Isso reflete no ânimo das bancadas de senadores e deputados.
A prioridade de Aécio é fortalecer candidaturas próprias que tenham reais chance de vitória nas disputas estaduais, mas reservando as cabeças de chapa no resto --onde o PSDB não tenha opções fortes-- para partidos e aliados regionais que possam vir a engrossar sua campanha nacionalmente mais à frente.
Ele passa a impressão de não brincar em serviço, recrutando quadros técnicos e forjando uma imagem que alie o seu lado JK, jovial, simpático, com uma capacidade estratégica que poucos conhecem, ou reconhecem.
Tem consciência, porém, que o futuro à deusa economia pertence.
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