FOLHA DE SP - 17/06
BRASÍLIA - Se a semana passada foi ruim para a presidente Dilma, com queda de popularidade, dólar em alta e vaias, esta pode reservar notícias piores na economia.
Amanhã e depois, o FED (banco central americano) pode fazer a tensão no mercado cambial subir ainda mais. Seu presidente, Ben Bernanke, dirá se e quando vai retirar os estímulos à economia americana.
Dependendo do que ele falar, vai aumentar a revoada de dólares dos países emergentes, Brasil incluído, para os Estados Unidos. Aí está o maior risco para a presidente.
Hoje, apesar da piora nos números da economia brasileira, explorada pela oposição, a petista tem razão em dizer que o Brasil não está uma tragédia, vai até, de certa forma, bem. O suficiente para mantê-la bem na foto. Por enquanto.
Afinal, o próprio governo reconhece que, como mostrou a última pesquisa Datafolha, a inflação é um dado-chave para Dilma se manter favorita na eleição presidencial.
Neste momento, quando a equipe econômica aposta no seu recuo, um dólar mais valorizado irá exercer pressão de alta sobre os preços e jogar contra o Planalto. Aí, o Banco Central terá de subir os juros bem mais do que o previsto.
Poderia até não pegar tão pesado, mas dependeria de uma mãozinha do Ministério da Fazenda, com um aperto maior na política fiscal. Mas isso, pelo visto, não virá, além do já prometido: cumprir um superávit primário de 2,3% do PIB.
O fato é que o governo segue, neste momento, confiante no seu receituário bastante desbalanceado. BC subindo juros sem grande ajuda na área fiscal. Planalto lançando programas para elevar o crédito quando o BC tenta contê-lo. É um para cá e outro bem para lá.
Enfim, as previsões indicam riscos de turbulências no ar. Recomenda-se apertar os cintos. Caso contrário, as vaias vindas "da classe média alta" no estádio de Brasília podem se alastrar para outros setores.
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