ZERO HORA - 28/05
Ultrapassa os limites do ambiente da comunicação e da imprensa o acervo deixado pelo empresário Roberto Civita. Mais do que um grupo editorial, o presidente do Conselho de Administração da Editora Abril construiu no Brasil um conceito de jornalismo crítico e independente, expressado pelas múltiplas publicações que ajudou a criar e a gerir. Com a sua morte, o país herda também sua referência na luta permanente pela liberdade de expressão e pela defesa intransigente da democracia. Civita construiu, inicialmente ao lado do pai e depois como sucessor, no comando da empresa, histórias de sucesso no mercado de revistas, com publicações marcadas pelo pioneirismo, que inovaram, atenderam demandas de públicos amplos e tiveram o mérito de interpretar a realidade brasileira.
Durante sua gestão, os veículos da Abril reafirmaram a missão de vigiar o comportamento de ocupantes de cargos públicos, consolidando assim uma das características da editora desde sua criação. Foi com essa determinação que o grupo cumpriu papel importante na moralização das instituições, com contribuições decisivas à identificação e ao esclarecimento de desmandos. Sob o comando de Roberto Civita, as publicações da Abril ofereceram, no exercício do jornalismo investigativo, subsídios importantes para que a população tomasse conhecimento de fatos como os que determinaram a queda de Fernando Collor de Mello da Presidência, em 1992, e o afastamento e posterior julgamento de políticos envolvidos com o mensalão, a partir de 2005.
Civita foi um empreendedor, cujas iniciativas serviram de modelo a outras empresas, por saber conciliar publicações dedicadas ao jornalismo e ao entretenimento, sempre com a prevalência da qualidade e da liberdade editorial. O criador de Veja também nos deixa como patrimônio a preocupação com a educação, presente na linha editorial das revistas e em sua conduta como cidadão.
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