FOLHA DE SP - 20/05
BRASÍLIA - Na base do sufoco, o governo Dilma demonstrou força e ganhou a batalha da votação da MP dos Portos. Agora, terá de administrar os riscos gerados pela vitória.
O primeiro deles reside dentro do próprio Palácio do Planalto. Há uma tentação de usar a vitória para sancionar um modelo de articulação política que mostrou falhas durante boa parte do processo.
O governo avalia, por exemplo, que o resultado fragilizou a visão de que o PMDB é imprescindível para suas disputas na Câmara. Em várias votações da MP, o partido ficou contra o Planalto, mas perdeu.
Na questão atual, análise correta. Dilma derrotou o PMDB do líder Eduardo Cunha. Em futuras, como CPIs, pode não ser. Uma aliança entre peemedebistas e oposição tende a ser fatal para o governo.
Daí que fechar os olhos para os erros políticos não é prudente. Melhor não reagir com o fígado e discutir já a relação com a base aliada.
O segundo risco foi o preço da votação-relâmpago da MP no Senado, que ali chegou a horas de perder validade. Presidente da Casa, Renan Calheiros avisou o Planalto que aprovaria o texto, mas teria de fazer concessões à oposição.
Resultado: MPs devem cair em breve no Senado, pois o compromisso é não mais votá-las caso cheguem com prazo de vencimento inferior a sete dias. O ritmo lerdo da Câmara e a desarticulação governista podem tornar isso frequente.
O terceiro risco está em gestação. Cresce o apoio na Câmara à proposta de tornar obrigatória a liberação das emendas parlamentares, pelas quais congressistas enviam dinheiro para suas bases eleitorais.
Reação à tática governista de bloquear essa grana e soltá-la na véspera de votações importantes, como voltou a ocorrer na MP dos Portos.
No governo, há quem releve tais ameaças no ar. Afinal, nada de vital deve ser enviado ao Congresso a partir de agora. A conferir. Brincar com fogo costuma ser perigoso.
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